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Programação do CONPSIC representou também o 2° Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Psicologia do Rio de Janeiro

Celebrado em 27 de agosto, o Dia do Psicólogo marca uma série de homenagens e discussões acerca dessa profissão, essencial para os cuidados com a saúde mental. No Unilasalle-RJ, a data é mote para o Congresso de Psicologia do centro universitário. Este ano, já na terceira edição, o evento recebeu também a Sociedade Brasileira de Psicologia do Rio de Janeiro para a realização do segundo encontro regional. Além das tradicionais palestras, o III CONPSIC contou com apresentações culturais e de artigos científicos, oficinas de aprendizado prático, e a exposição Expressão da Alma, fruto da participação da Galeria La Salle e do Espaço Livre-Ateliê na semana. Relembre nesta matéria mais do maior evento anual da graduação em Psicologia.

Com o cotidiano de milhares de brasileiros cada vez mais intenso e a necessidade de manter o bem-estar mental em dia, os atendimentos terapêuticos online se popularizaram, graças à sua flexibilidade e adaptabilidade, independentemente da localização geográfica e, até mesmo, do fuso horário. Gabriele Esposito, psicóloga e mestranda, trouxe a temática dos desafios nos atendimentos que acontecem de modo remoto. Para elucidar os conhecimentos a respeito dessa prática, a palestrante detalhou sobre a Resolução N° 011/2018, que autoriza psicólogos a prestarem atendimentos online. “Nós levamos 18 anos para o Conselho Federal de Psicologia liberar este tipo de serviço. As pessoas me perguntam: ‘É para todo psicólogo? ’. Claro que não, nem clínica presencial é, tem colegas que vão para a área jurídica, outros para a hospitalar, as pessoas vão escolher seus campos de atuação. Mas duvidar se existe eficácia é um atraso à nossa própria ciência”, explicou.

No ano passado, a promulgação da Lei 14.510, que autoriza a prática de telessaúde no Brasil, reitera perante à Constituição a possibilidade do atendimento virtual, uma prática que potencializa o acesso aos cuidados com a saúde mental para pacientes em diversas realidades. “Da mesma forma que nem todo psicoterapeuta vai para o atendimento online, nem todo atendido pode ir a um consultório. Eu já atendi mulheres em situação de violência doméstica proibidas de sair de casa; isso é mais normal do que vocês pensam. Trata-se de uma situação de vulnerabilidade porque o parceiro teme uma possível denúncia contra ele, e a mulher recorre ao atendimento remoto na busca de um suporte emocional para permanecer ou sair daquele casamento”, reforçou Gabriele.


Na noite dedicada ao 2° Encontro Regional da Sociedade Brasileira de Psicologia, o palestrante Júnior Braga discursou sobre Preconceito e Discriminação, que estão enraizados na sociedade e geram problemáticas a serem discutidas dentro e fora do ambiente clínico. Psicólogo da Coordenadoria de Diversidade Sexual do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Júnior trouxe uma reflexão acerca do cotidiano profissional: “Quando pegamos o nosso Código de Ética, existem dois princípios fundamentais logo no início, que vão falar sobre o trabalho baseado no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, com apoio nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O segundo tópico é que o psicólogo deve trabalhar promovendo a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades. É importante pensarmos que existe um indivíduo enquanto pessoa e existe um indivíduo inserido num coletivo, num grupo ou em alguns grupos”.

Grupos como a comunidade LGBTQIAPN+, integrada por milhares de brasileiros que hoje se veem à mercê de uma série de discriminações e crimes. “Por que o Brasil continua há quase 10 anos em primeiro lugar no ranking dos países que mais matam pessoas LGBT mesmo não sendo uma nação que criminaliza essa vivência? Há países em que ser LGBT é crime, mas nem eles estão à frente do nosso quando se trata de violência contra essa população”, reiterou o psicólogo. Informações como essas, trazidas por Júnior, são essenciais não apenas para gerar reflexões, mas também para engajar profissionais a promover mudanças e políticas públicas a respeito das situações citadas. “É preciso considerar os recortes e marcadores sociais para entender sobre o tipo de preconceito e o tipo de discriminação de que estamos falando”, frisou o palestrante, “A partir disso, nós vamos tentar abordar o preconceito de gênero, orientação sexual e raça. É necessário, inclusive, pensar na diversidade das experiências singulares para então pensar nas necessidades específicas de combate à discriminação”.


Várias dessas experiências que permeiam o dia a dia das pessoas, começam e prosseguem ao longo de anos dentro das escolas. São nelas que os alunos iniciam seus pensamentos críticos, a criação da identidade pessoal e o posicionamento dela perante o coletivo. Pensar nesse ambiente educacional e na violência que, por vezes, ocorre nele foi o mote da palestra comandada por Pedro Bicalho, Presidente do Conselho Federal de Psicologia. Ele fez um panorama histórico para, então, pensar na área como essencial a assuntos da sociedade: “Há 61 anos, a Psicologia era uma profissão para ser exercida unicamente nos nossos consultórios. Com o tempo, ela começa a chegar na escola, depois nas empresas e assim, alcançaremos mais lugares”.

O palestrante ainda falou acerca da atuação do psicólogo, que pode tanto persistir em determinados caminhos, já consolidados, quanto migrar para outros: “Hoje nós integramos uma profissão com considerável número de pessoas que produzem o trabalho de Psicologia Clínica, portanto a Psicoterapia ainda é o nosso maior exercício profissional; 80% dos psicólogos no Brasil a exercem. Mas, as políticas públicas foram ganhando espaço, de modo que hoje 60,8% dos graduados atuam com elas”, disse.

No que concerne ao ambiente educacional e aos desafios cotidianos, incluindo a violência, os dados revelam a premência em discutir e buscar medidas que auxiliem a solucioná-la: “Nos últimos 10 anos, nós tivemos 23 ocorrências violentas nas escolas do Brasil. Nos últimos 12 meses foram 9. Estamos falando dessas violências que envolvem morte, envolvem mídia, envolvem uma mobilização em torno dos casos. O que significa então que estou falando de um tema de urgência na sociedade brasileira. Quando a situação é violência nas escolas por que a Psicologia não é chamada? ”.

O assunto, que assola a realidade educacional no país, demanda um trabalho extenso de prevenção e cuidados realizado pelas equipes multidisciplinares das escolas, incluindo docentes e profissionais de Psicologia. “Nós precisamos ocupar a escola de uma forma cotidiana, para que consigamos modificar as maneiras de se entender quem é esse outro que produz um tipo de violência tão específica, e por qual razão ele a produz”, finalizou Pedro Bicalho.



Veja mais fotos do III Congresso de Psicologia

Por Maria Eduarda Barros / Revisão: Luiza Gould
Fotos por Adriana Torres
ASCOM Unilasalle-RJ

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