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Congresso internacional unindo instituições da Rede La Salle tem Unilasalle-RJ como anfitrião

Muito mais do que três idiomas (espanhol, português e francês) une essas nações. O contorno no mapa, que se torna colorido do México até os mínimos pedacinhos de terra no fim da Argentina e do Chile, apresenta uma região cuja raiz brota da terra, dos povos originários. Prosseguindo na alusão a uma árvore, o tronco dessa região possui as ranhuras da dominação pelos impérios coloniais e as folhas formam a copa frondosa da identidade em comum, uma identidade que passa também pela Educação. Com aproximações e particularidades, como nodos de uma mesma raiz, as pedagogias que nascem a partir das realidades vividas na América Latina foram o mote de uma expedição promovida pela Rede La Salle com foco em “propostas e ações que deem origem a outros mundos possíveis, sonhados e concretizados a partir da ação coletiva”. Na I Expedición Pedagógica Lasallista Latinoamericana este objetivo se uniu ao contexto inesperado de uma pandemia, com a apresentação de trabalhos sobre as práticas educativas neste 2020. Realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, de maneira remota, o congresso teve como tema Práticas educativas, infâncias e jovens em tempos de emergência social, e como anfitrião o Centro Universitário La Salle do Rio de Janeiro.

Foi em nome da instituição e da coordenação das universidades lassalistas da América do Sul e Central que o Irmão Jardelino Menegat, reitor do centro universitário, deu em vídeo as boas-vindas aos congressistas na manhã do dia 25. Na mesa virtual, com representantes da Associação Internacional de Universidades Lassalistas (IALU) e outras autoridades da Rede, uma segunda figura familiar chamava a atenção. Angelina Accetta, coordenadora do Núcleo de Arte e Cultura do Unilasalle-RJ e professora da casa, integrou o Comitê Organizador da Expedición, além de organizar (junto do MiMuseu Universitário La Salle Bajío e da Indivisarte) a exposição coletiva virtual do congresso. O intercâmbio entre arte e Educação pautou a sua fala na abertura do evento. “Construir conhecimentos pedagógicos em torno da Educação significa dialogar por meio de ideias expressivas e da formação de opinião. E o conhecer é indissociável do criar; a flexibilidade é condição fundamental para aprender e expressar-se”, afirmou Angelina, apresentando, em seguida, a exposição:

“O conhecimento da arte abre perspectiva para uma compreensão do mundo na qual a poética esteja presente. E a poética faz nascer a dimensão aurática em todos os tempos, inclusive neste, de emergência social e incertezas. A arte tem o potencial de expressar o sentimento mais profundo do cotidiano desses artistas, que se permitiram mostrar suas impressões da Argentina, do Brasil, da Bolívia, do Chile, da Colômbia e do México”. A mostra virtual Transcendência: um olhar sobre o humano reúne fotografias, imagens de esculturas e pinturas dialógicas com o tema do congresso. Confira aqui. Durante a Expedición um Fórum de Discussão reuniu os artistas em um diálogo sobre seus processos criativos e suas leituras do mundo. 

Além de enviar contribuições para a Galeria de Arte, os interessados em participar da Expedición poderiam compartilhar Relatos de Experiência em Educação (como o fizeram a docente Cecilia Guimarães, em parceria com a graduanda de História Carolina Bessa, no trabalho Estágio na pandemia: a formação da consciência histórica; a docente Rachel Colacique em Ensino de língua de sinais no Brasil: um relato de experiência; a futura pedagoga Renata Mansur em Dificuldade do recém-formado em trabalhar com aluno com deficiência; a egressa de Pedagogia Ana Karla Ambrosio em A contação de história na Educação Infantil em casa; e Eduardo Levy, professor do Colégio La Salle Abel, apresentando a pesquisa Educação tecnológica em tempos de pandemia) ou Trabalhos de Investigação, artigos mais robustos divididos em eixos temáticos: Educação, pobreza e emergência social; Educação, ruralidades e emergência social; Educação, inclusão e emergência social. Angelina Accetta optou por levar um Trabalho de Investigação ao congresso, assinado junto do professor Uriel Sánchez Barragán, docente da Universidad La Salle Oaxaca, no México. No artigo FORMACIÓN DE PROFESORES PARA LA DIVERSIDAD: Una experiencia intercultural del COIL entre Brasil e México, eles sintetizaram alguns frutos do Collaborative Online Internacional Learning (COIL). O projeto da IALU gerou parcerias entre 700 professores da Rede e atividades conjuntas propostas aos alunos neste ano.

Edilaine Barbosa, no 4º período do curso de Pedagogia, e a amiga Rayane Amaral, concluinte da mesma graduação, são duas das alunas beneficiadas pelo projeto. Elas submeteram um Relato de Experiência sobre as trocas remotas com estudantes do México intitulado Brasil e México: diferenças e semelhanças culturais e educacionais. O artigo das graduandas buscou resumir os debates estabelecidos pela sua equipe no COIL (composta por três alunos brasileiros e três mexicanos), abordando, entre outros exemplos, a experiência de mediação na ação pedagógica, antes mesmo do início da trajetória profissional (semelhança entre Brasil e México), e uma diferença que se mostrou bem marcante para Rayane: “Por mais que ainda tenhamos que melhorar muito, percebemos que o Brasil está mais avançado na inclusão em sala de aula. Há políticas de inclusão no México, mas é muito raro ver um aluno com deficiência aprendendo junto de alunos sem deficiência. Há um encaminhamento lá para escolas especiais, os professores da escola ‘normal’ não são preparados para receber esses estudantes”.

As alunas Edilaine Barbosa (à esquerda) e Rayane Amaral (à direita)

O trabalho de Edilaine e Rayane, escrito para o congresso, integrou o evento Apresentação de Artigos Acadêmicos, realizado no início de dezembro pelos cursos de licenciatura em Pedagogia e História do Unilasalle-RJ. Como ouvinte da I Expedición Pedagógica Lasallista Latinoamericana, condição de muitos estudantes da instituição, Rayane destaca a importância de estar em contato com educadores de outros países, conhecendo experiências particulares que permitirão a ela aprimorar a sua prática profissional. “Pude acompanhar os relatos de vários profissionais que se reinventaram neste tempo de emergência social e usaram da criatividade para ter uma prática pedagógica de eficiência, atendendo às demandas educacionais dos seus alunos. Trata-se de um aprendizado que carregaremos conosco mesmo quando a pandemia passar”, constata quem, em breve, será pedagoga, “O educador precisa sair da zona de conforto, sair do método tradicional de ensino. Precisamos dar significado à prática pedagógica, que vai além de ensinar, envolve afeto. Participar do congresso foi muito motivador, ainda mais para mim, que concluí agora o meu curso”.

Por Luiza Gould

Ascom Unilasalle-RJ

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