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Mostra ‘A obra de Mies van der Rohe: 100 anos da Bauhaus’ abre o ano da Galeria La Salle

“O que é o design do museu? Ele é didático, clean, limpo e dá espaço para maturarmos as ideias”. A explicação de Angelina Accetta tem sua origem no comentário que se tornou recorrente entre os transeuntes da Galeria La Salle. Desde o dia 22 de março, o caminho cultural do Unilasalle-RJ vem sendo comparado à estrutura dos museus. Instalação, aplicações de linha do tempo e apresentação nas paredes, obras estrategicamente posicionadas para melhor visualização do público. Cada detalhe minuciosamente pensado para apresentar o mestre do minimalismo, Mies van der Rohe, e a importante escola de arquitetura alemã.

“A Bauhaus foi uma fábrica de grandes ideias, de vanguarda, à frente do seu tempo, contrária ao excesso que havia antes, tendo o essencial como base da criação. O curso de Arquitetura e Urbanismo nos traz a proposta de despertar no aluno a poética, a estilística da existência: eu tenho um estilo, eu sou, eu crio e eu transformo. Isso é o que a Galeria reflete a partir de hoje”, prosseguiu Angelina em noite da inauguração de “A obra de Mies van der Rohe: 100 anos da Bauhaus”. A mostra apresenta, segundo a ótica dos alunos do curso, as casas projetadas por um dos principais nomes da Arquitetura no século XX. Caio Barbosa, arquiteto de 28 anos que compareceu à abertura sabe bem de quem se trata o homenageado. “Eu ouvi muito a frase ’Menos é mais’ durante a faculdade”, lembrou, “Mies van der Rohe é sensacional e acho interessante os alunos desenvolverem na prática as soluções propostas na época. Levar em seguida essas obras para fora da sala de aula é um estímulo a eles”.

Estão expostas na Galeria as produções dos graduandos para as disciplinas de “Modelos e Maquetes” (ministrada por Diego Caetano), “Percepção, estética e plástica arquitetônica” (sob orientação de Elisabete Reis) e “Expressão Gráfica I” (do professor Fernando Rocha). Apesar da mostra ter sua origem nesses trabalhos, há ainda outras novidades a serem exploradas, como a primeira montagem em perspectiva no caminho cultural. O esforço conjunto envolvendo o setor de Comunicação e Marketing do Unilasalle, professores de Arquitetura, técnicos do Centro Tecnológico e a aluna Elvira Lobato resultou na reprodução do exercício aplicado por Joost Schmidt em Bauhaus no ano de 1929. Entre letras e linhas, o olhar é direcionado a diferentes ângulos, que ajudam a explorar o espaço. Atualmente cursando o 3º período do curso, Elvira realizou a projeção 3D da instalação, assumindo o “desafio de tirar as ideias do papel, da mente de Schmidt e fazer surgir, aparecer”. “Foi muito gratificante para mim. Estudamos a melhor posição que cada componente ia ficar na Galeria, como atingir a perspectiva ideal. Só posso dizer que quando vim para o Unilasalle-RJ tinha uma expectativa grande, e ela está sendo muito superada. Adoro o uso das metodologias ativas, que me permitem colocar a mão na massa, construir, entender o que estudo. Digo que cada dia é um flash diferente”, brincou.


A gratificação proporcionada pela prática na faculdade é uma busca levada a sério tanto pela coordenação do curso quanto pelos docentes, e reconhecida pela reitoria, como demonstrou o Irmão Jardelino Menegat em sua fala na inauguração: “Os professores são aqueles que provocam os nossos alunos e sabemos do empenho e da dedicação da equipe em fazer com que os alunos brilhem. Vemos desde a exposição do ano passado que é um trabalho muito sério, de qualidade, que essa instituição oferece. Certamente no dia de amanhã, que não é tão longe assim, vamos ter uma outra arquitetura, com melhor qualidade de vida para a nossa cidade, graças a vocês”. O reitor ressaltou os retornos positivos que a graduação de Arquitetura tem recebido mesmo com pouco tempo de existência, e estimulou os presentes a darem depoimentos a respeito deste primeiro ano de curso. Gratidão foi o substantivo presente em todas as cinco contribuições.

Mas se para uns o discurso se formou com facilidade, para outros faltaram palavras. Foi o caso da docente Elisabete Reis, homenageada assim como o marido, falecido este ano, pela relevante contribuição à formação em Arquitetura e Urbanismo no Brasil. Junto de Eduardo Mendes de Vasconcellos, Elisabete traduziu para o português o conjunto de manifestos modernistas utilizados hoje por graduandos, pós-graduandos e profissionais da área. Após receber certificados, ela agradeceu o acolhimento da instituição, não vivenciado por ela na mesma medida em nenhuma outra IES, como afirmou. A emoção estava nos olhos de Elisabete, nos dos pais que vieram prestigiar seus filhos, nos dos professores e nos olhos dos próprios “alunos-artistas”, tal qual classificação de Paula Brasil, coordenadora do curso. Ou melhor, “não só alunos, mas viajantes pelo mundo da arte”, como poetizou Angelina Accetta.


“A obra de Mies van der Rohe: 100 anos da Bauhaus” ficará em cartaz na Galeria La Salle até 30 de abril.

Por Luiza Gould

Fotos de Giovanna Sena

Ascom Unilasalle-RJ


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