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“Em nome de Zeus, os gregos criaram um evento que unia cidades e transformava campeões em heróis, com disputas de bravura e destreza em corridas, lutas, provas a cavalo e no pentatlo”.  A descrição é do encarte “História dos Jogos Olímpicos”, produzido pelo Jornal O Globo em ocasião das competições no Rio. Da Antiguidade grega até as Olimpíadas em solo verde amarelo se vão mais de três mil anos. Com o tempo, foram aceitos outros esportes, recebidos mais atletas, estabelecidas novas regras. A essência da união dos povos, no entanto, persiste e marcou quem participou da primeira Olimpíada da América do Sul. Brasileiros como Juliana, Renato, Bruno, Melissa, Vinicius e Francisco, alguns dos universitários lassalistas que viveram de perto a Rio 2016.

Francisco Alves Martins, de 39 anos, está no 5º período de Relações Internacionais do Unilasalle-RJ e conta que tirou dinheiro do próprio bolso para fazer parte da equipe que colocou em prática um projeto iniciado em 2009. Naquele ano, o então presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge, anunciou na Dinamarca que a cidade maravilhosa sediaria a próxima festa do esporte.  O estudante se candidatou para ser voluntário e hoje se diz grato pela oportunidade: “Não recebi nada, morava longe e arcava com o custo da passagem, pois o cartão dado pelo COI não era intermunicipal. O disponibilizado para o meu caso não dava nem para dois dias. Desapeguei e pensei na gratidão de ajudar. Foi um ganho imenso de incentivo a mim mesmo”.

O futuro internacionalista foi escalado para trabalhar no Sambódromo durante as competições de Tiro com Arco e no Engenhão, onde ocorreram as provas de Atletismo. Ele atuou com protocolos e atendimento ao público em funções de nome como “load zone”, “help desk”, “front house” e “control seats”. Na memória, no entanto, os termos formais em inglês dão espaço a histórias. Elas vão da contenção do público para a passagem do presidente do COI, Thomas Bash, até o auxílio a pessoas anônimas. “Uma funcionária do time de maratona do Azerbaijão precisava alcançar sua atleta, mas não falava inglês, assim como seu motorista. Consegui descobrir que ela precisava estar a 10 quilômetros do início da prova para entregar água e dar suporte à maratonista. A colocamos em um carro já com as orientações para o local exato para onde deveria seguir”, recorda.

Quando o foco estava em Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, Martins foi acudir o segurança da autoridade, outro personagem fora dos holofotes. Um problema de comunicação da Força Nacional quase fez o turco ser preso. “Ele estava tentando mostrar os documentos que comprovavam a legalidade da arma portada, entenderam que ele queria entrar armado no evento e intermediei o conflito. No fim, acabamos trocando ideias sobre terrorismo”.

Quem sabe que o estudante de RI morou dois anos já atuou como comissário de voo talvez veja semelhanças entre o emprego nos ares e a boa vontade em terra firme. Ou associe esta característica ao acolhimento do povo brasileiro. Engana-se quem pensa, porém, que esta recepção é um traço somente visto por aqui, que o diga Vinícius “Hashirama” Nascimento, de 20 anos. Aluno do 4º período de Sistemas de Informação, ele foi um dos estudantes a trabalhar para a Olympic Broadcasting Services (OBS) sendo pago, a partir de parceria conseguida pela coordenadora de seu curso, professora Márcia Sadok. A experiência, atesta, não poderia ter sido melhor. 

“Nos eventos recebíamos a lunchbox, um kit de lanche para consumirmos durante o dia. Lembro que certa vez fui rodar pela área de competição e deixei para trás a maleta. Quando voltei, não estava mais lá. Fui até a minha supervisora, a belga Jill Runkel, perguntar se tinha outra. Imediatamente ela foi procurar comigo. A cozinha já estava vazia e de repente vi uma assistente geral das Olimpíadas colocando a mão na massa para me fazer um sanduíche. Depois de pronto me entregou e disse: ‘Você fez um bom trabalho hoje, todo mundo é importante’”, conta Hashirama até hoje espantado com a simplicidade da chefe.

 

Com o atleta brasileiro Caio Bonfim, 4º lugar na        A supervisora Jill Runkel preparou o almoço

marcha atlética 20 Km

 

Câmera deu souvenir no fim dos Jogos                        Com atletas canadenses

Com o sonho de desenvolver jogos, o discente afirma que a experiência nas Olimpíadas como assistente de câmera não trouxe benefícios diretamente para a carreira, mas sem dúvidas para o aspecto humano. “Parece que dormi durante 20 dias e acordei agora”, resume, “Vi pessoas de alto nível hierárquico fazendo todos os tipos de atividade, do planejamento ao carregamento de peso quando preciso. Conversei sobre Vin Diesel com um câmera que trabalhou nos últimos filmes de ‘Star Wars’, como se fossemos amigos de longa data. Outro me deu brinde depois dos dias de cobertura conjunta”.

Entre uma corrida e outra no Forte de Copacabana, Pontal e Sambódromo, Hashirama conheceu integrantes de 12 países e passou a admirar o Rio com o olhar deles. Na conversa com a voluntária italiana vizinha de Pizza, foi lembrado por ela que se eles têm a torre, nós temos o Cristo, o Pão de Açúcar. E assim, reconhecendo nos estrangeiros “gente como a gente”, veio o orgulho do próprio país. A certeza de que precisamos dar mais valor ao que temos vai ser levada adiante em setembro, ele garante. Afinal, serão quase outras duas semanas para conhecer pessoas e construir novos enredos. “Fui convidado para retornar nas Paralimpíadas e já estou ansioso”, revela. 

 

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