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“Não é sobre ter
Todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar
Alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar
Mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida
Que cai sobre nós”

No trem bala da cantora Ana Vilela, os rondonistas do Unilasalle-RJ são passageiros com ticket comprado há longa data. De volta depois de duas semanas no Tocantins, a equipe que trabalhou no município de Monte do Carmo, a 89 km de Palmas, foi exemplo citado no primeiro Seminário de Formação para Voluntários do ano. Desta vez, o encontro teve como palestrante Roberto Primo, docente de Engenharia de Produção e coordenador, ao lado de Suenne Riguette, das últimas viagens lassalistas pelo Rondon. O projeto do Ministério da Defesa visa proporcionar a universitários a experiência do voluntariado a partir da proposta de soluções para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar de comunidades carentes brasileiras. Entre um e outro canto do país, Primo já participou de sete edições, com a ida a Rondônia garantida em julho, na edição comemorativa de 50 anos.

“Eu sempre quis fazer trabalho voluntário, mas não surgia nada que me motivava. Quando pintou o Rondon percebi na hora que era aquilo. Eu não posso nunca na vida parar de dar aula porque senão ficarei sem o projeto”, contou, dando pistas do tamanho de seu envolvimento com a causa. Viajante por natureza (após Rondônia, faltam apenas quatro estados do Brasil para o docente conhecer: Acre, Amazonas, Amapá e Maranhão), Primo tem tatuado na perna a logo do Rondon e, a cada nova aventura, incorpora na arte uma estrela. Um amor que o fez chorar em entrevista no ano passado, ao falar sobre a nota alcançada pela proposta da instituição no projeto: a mais alta entre todas as IESs do país.

O engajamento ficou logo claro para o público que veio conferir a palestra no Anfiteatro Irmão Hilário. Mas, o objetivo do encontro organizado pelo Setor de Ação Comunitária ia além. Enquanto as motivações e os desafios do voluntariado pautaram o primeiro encontro, desta vez a ideia era debater o planejamento das ações e o serviço voluntário. Livia Ribeiro, coordenadora do SEAC, mostrou, através de perguntas, o quanto fazer o bem envolve organização: “Qual a pergunta eu deveria me fazer para traçar um objetivo em projeto de Ação Comunitária? Como eu escrevo uma justificativa? O que é possível em termos de atividade dentro de metodologia? Público-alvo, como eu penso isso? Quem faz o quê em um projeto?”   

Todos esses pontos precisaram ser pensados para a confecção das 32 oficinas integrantes da proposta nota 100 do Unilasalle-RJ no Rondon. A chave está no diagnóstico, o começo de tudo, segundo Primo. “É a investigação do que a comunidade precisa”, esclareceu, “Entrevista pessoas, o presidente da associação, os moradores, conversa. O diagnóstico parte dos problemas, e o maior deles será o que mais pessoas tiverem pontuado. A ação vem para corrigir a adversidade”. A falta de saneamento no Ceará, por exemplo, levou à confecção de uma fossa ecológica. Já o desafio da plantação em área seca com retenção de água, fez os lassalistas quebrarem a cabeça para gerar uma barragem subterrânea. As intempéries também podem dar ideias de melhorias econômicas, outro caso contado por Roberto Primo: “Em Patos do Piauí nos deparamos com água naquela região de caatinga. Quando perguntei para quatro secretários e um vereador qual era a vocação da cidade me disseram que era a agricultura. Mas se as chuvas são escassas, por que não aproveitar que há uma barragem e não investir no turismo?”

A combinação da percepção com o questionário de quem vive o dia a dia da comunidade é, portanto, parte do segredo para um bom planejamento. Outras dicas foram dadas por Livia em segundo momento do Seminário, no qual os participantes tiveram que colocar a mão na massa. Enquanto parte da sala se dividiu no time “Pé Pequeno”, pensando perguntas para diagnóstico, oficinas voltadas a crianças e outras a adultos, a outra ficou responsável por pensar organização de equipe e dos pequenos no grupo “Desabrochar”. No primeiro caso, a coordenadora do SEAC queria estimular os primeiros passos para atividades que passarão a ser desenvolvidas na comunidade do Pé Pequeno, acima do centro universitário. Uma visita será feita ao local no próximo sábado. Já o Desabrochar, projeto desenvolvido no Centro Social Vicenta Maria, segue sendo um foco da Ação Comunitária, mas a equipe percebeu que o planejamento ainda precisa ser estimulado.

Antes da divisão, Livia compartilhou com os presentes o passo a passo do serviço de voluntariado: 1º) Sensibilizar - “Fazer os voluntários entenderem o quanto o trabalho deles faz toda a diferença, o quanto de fato um mais um é mais do que dois” 2º) Acreditar - “Fazer as pessoas acreditarem que elas são capazes de desempenhar este papel, de que não é difícil, nem é coisa de bobo fazer algo bom”. 3º) Potencializar - “Não adianta ter a intenção certa, sem ser do jeito certo. Aí vale uma historinha: com o incêndio na floresta, todos desesperados, os animais fugindo, o beija-flor vai até o lago e contribui carregando no bico uma gotinha de água para apagar o fogo. Ele potencializaria as habilidades, fazendo de fato a diferença, se com seu bico, bicasse o elefante até ele decidir pegar água com a sua tromba e apagar o fogo”. 4º) Formar - “No sentido de preparar o voluntário. O que ele pode encarar? Que tipo de engasgo vai dar na garganta na hora de subir uma comunidade? Como lidar com uma criança que conta ter sofrido violência?” 5º) Transformar - “E isso não é pegar o que não quero da minha casa e dar para alguém, ficando com a consciência limpa pelos próximos seis meses. Por outro lado, não depende também só de cada um e sim de todos”.

Confira fotos da lição de aula passada no Seminário de Formação para Voluntários:

TIME PÉ PEQUENO

 

TIME DESABROCHAR

 

    

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