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“Era uma vez três árvores no alto de uma colina. As três árvores eram absolutamente únicas. E, ainda assim, muito amigas, as três árvores adoravam conversar. Vez por outra, a conversa, assim como lá em casa, ia indo para o lado dos sonhos. Numa tarde ensolarada, a primeira árvore, um pouco mais animada e vaidosa, começou a conversa: ‘Ah, eu queria ser um baú de tesouro, queria carregar em mim as joias mais preciosas de todos os tempos. Queria que, quando alguém me abrisse, ficasse encantado e até um pouco com dor nos olhos de tanto brilho. Queria ter ouro, rubi, esmeralda’. A segunda árvore riu um pouco da primeira. Ela, um pouco mais livre e aventureira, disse logo: ‘Eu não. Deus me livre trabalhar no mesmo lugar! Eu queria ser um barco, desses que navegam por todos os cantos dos oceanos, desses que, a cada manhã, aportam num lugar diferente. Eu queria conhecer o mundo e navegar todos os dias de minha vida’. A terceira árvore, mais tímida e pacata, quase enrubesceu: ‘Ah, eu só queria ficar aqui, no alto da montanha, bem quietinha. E quando alguém olhasse para mim, tivesse que erguer tanto os olhos, que, olhando o céu, se lembrasse de Deus’. Lindos os sonhos das árvores. Num dia de chuva, dessas quartas-feiras que a gente não espera, um lenhador que não entende nada de sonho subiu a montanha e sem nenhum pudor cortou as três árvores”. A história narrada pela coordenadora da Ação Comunitária (SEAC), Livia Ribeiro, marcou o término do Encontro de Colaboradores Lassalistas no dia 19 de maio, como parte das comemorações pela Semana de La Salle. Mas ela não termina assim. Quais terão sido os destinos das árvores? Ao término desta matéria, que se pretende ser um compilado da Semana, a resposta virá.

Sonhos, tempo, identidade e união foram algumas das palavras que puderam ser ouvidas no Unilasalle-RJ de 14 a 20 de maio. Nos sete dias, atividades diferentes convidavam a participar da festa voltada ao fundador da Rede La Salle, canonizado pelo papa Pio XII e proclamado patrono dos educadores em 15 de maio de 1950.

 

Tarde de Formação - 17 e 18/05/2018

O primeiro encontro reunindo a comunidade acadêmica em prol da celebração foi no dia 17, com o lançamento da nova marca da Rede La Salle, durante a Tarde de Formação para colaboradores. Agora, com a estrela como protagonista, a marca começa a ser adotada no Brasil, seguindo modelo que padroniza a identidade lassalista nos 80 países em que está presente. “Na nossa essência nada muda, só o visual”, afirmou o vice-reitor e pró-reitor Acadêmico, Ronaldo Curi Gismondi. Um visual que constrói laços de união, como lembrou o reitor, Irmão Jardelino Menegat, para quem a relevância do símbolo “é o sentido de pertencimento, que transcende esta instituição. Quando temos a oportunidade de poder sair do Brasil, e enxergamos a marca La Salle, parece que o coração palpita diferente: 'Eu também pertenço a esta grande família'”. 

 A Tarde de Formação, voltada no dia seguinte aos professores, contou ainda com apresentação do vídeo da nova marca, fala da líder do SEAC, Livia Ribeiro, explicando as atividades da semana, do pró-reitor de Desenvolvimento, Hugo Amazonas, acerca da pesquisa de clima organizacional, além de palestra da colaboradora Thais D’Assumpção. Coube à técnica dos laboratórios do Centro Tecnológico falar sobre sustentabilidade, anunciando um importante passo para a instituição: a distribuição de canecas, com o objetivo de reduzir o uso de copos plásticos. A funcionária apresentou o dado de que, no país, 720 milhões de copos são jogados no lixo diariamente. Caso empilhados, eles poderiam dar uma volta e meia na Terra. “Sustentável é para o nosso sustento.  Não tem fora, não tem como jogar para fora do planeta. Tudo é cíclico e volta para nós”, concluiu, sem deixar de lembrar que o plástico, em contato com bebidas quentes, como o café, por exemplo, ainda libera substâncias cancerígenas.

 

 

 

 

 

Missa de La Salle - 17/05/2018

“É uma congregação que vivencia um carisma acima de tudo, o carisma da educação de La Salle”. Essa foi a frase escolhida pelo Padre João Cláudio Nascimento, discente do 6º período de História no Unilasalle-RJ, para iniciar a Missa em homenagem ao fundador da Rede, realizada na Varanda Cultural na tarde de quinta-feira. O pároco dedicou a celebração eucarística aos Irmãos falecidos, dentre eles, o Ir. Amadeu, “que começaram a obra lassalista e mudaram a cara da cidade de Niterói”, aos Irmãos, professores, coordenadores e funcionários que continuam a obra, “personificando a forma de educar humanizada tão necessária em nosso contexto histórico”, e aos alunos, a razão de ser do centro universitário.

Na principal palavra bíblica lida do dia (Jo 17, 20-26), Jesus roga ao Pai pelos que creram Nele, mas também pelos que ainda viriam a crer. “Resumo esse Evangelho tão profundo com as duas frases finais que acabamos de ouvir: ‘Eu lhes fiz conhecer o Teu nome e o tornarei conhecido ainda mais, para que o amor com que me amaste esteja neles e eu mesmo esteja neles’”, sintetizou o Pe. Cláudio, fazendo, em seguida, menção a IES:

“Quando cheguei aqui, encontrei esse amor de Deus nas pessoas e nas amizades que fiz. Comecei o curso de História em um período difícil na minha vida, mas fui acalentado pelos professores e por outros alunos. Já tive a oportunidade de passar por outras universidades, algumas até de excelência, mas não da mesma forma. Não tem esse clima familiar. Sempre que chego, digo ao porteiro: ‘Viva Jesus’. Ele não é católico, tem outra denominação, mas pode estar triste, chateado, pode ter brigado com alguém que sempre responde: ‘Em nossos corações para sempre. Amém!’. O relacionamento de Pai e Filho é o amor que deve estar em nós”.

 

 

 

 

Encontro de colaboradores lassalistas - 19/05/2018

O tempo foi o mote para o segundo momento deste ano em que colaboradores técnico-administrativos e docentes passaram uma manhã de sábado reunidos. Como em março, o encontro começou na Capela Universitária, mas, desta vez, os textos a se debruçar eram a passagem do Eclesiastes (3:1-13) e a letra da música “Oração ao tempo”, de Maria Gadú. No fundo, ao violão, a coordenadora da Galeria La Salle, Angelina Accetta cantava os versos: “Por seres tão inventivo / E pareceres contínuo / Tempo tempo tempo tempo / És um dos deuses mais lindos / Tempo tempo tempo tempo”.

O fio condutor da tessitura do dia 19 passou pela proposta de Livia Ribeiro em entender o tempo como Deus. “Hoje, em alguns momentos, nós vamos brincar de trocar o nome de Deus. Para os judeus, o nome Dele nem devia ser dito. A proposta era de ser impronunciável. Mas transformamos o nome de Deus em Deus. Hoje vamos chamá-lo de tempo, que é eternidade, e que não podemos compreender, pois, finitos, não entendemos o que é eterno. Que pedido eu faço ao tempo, que pedido eu faço a Deus?”, inquiriu Livia, dando início às reflexões.

 

Já na sala da Pós-Graduação, cada lassalista foi motivado a pensar o que o “senhor tempo tem feito com a nossa agenda”, a partir de dinâmica no qual foi preciso matemática para listar o tempo gasto nas atividades diárias e sua correlação com as 24 horas que temos. Na pausa para o café, o bate-papo em mesas redondas foi pautado em mais dúvidas sobre o tempo. “No seu dia a dia você tem algum tempo só para você?”, “Você tem ideia de quanto tempo gasta por dia com aparelhos eletrônicos?” e “Tem algo que você queria muito fazer ou aprender e que não faz por não ter tempo?” foram algumas delas.

Na última atividade do dia, Pedro Oliveira, estagiário do SEAC, falou sobre santidade, a partir da exortação apostólica “Gaudete et Exsultate”, do Papa Francisco. Tomando ainda como gancho o tempo, ele lembrou de Santo Agostinho, teólogo e filósofo da Argélia com fundamental participação na consolidação do cristianismo em seus primeiros anos: “Ele atesta que em nenhuma das três etapas, passado, presente e futuro, é possível determinar aquilo que o tempo é, na tentativa de freá-lo. O passado porque passou não é, o futuro porque não existe ainda, o presente porque é aquilo que não diz respeito somente às minhas experiências sensíveis. Então, ele parte para a percepção do tempo enquanto memória, o que o faz concluir que a memória é o santuário, o castelo da alma. É através dela que o homem percebe o tempo e pode administrá-lo”.

A santidade está na memória, mas também em personagens importantes nas histórias pessoais. “Esses ícones, essas pessoas, podem não ter tido uma trajetória linear, não necessariamente tiveram todos os pré-requisitos de um herói. A santidade é expressa de maneira concreta no avô, na avó, no pai, na mãe, naqueles que dão a vida por seus filhos, netos e ainda conseguem, na luta, sorrir. O Papa nos diz isso”, explicou. Sentados nos poofs e em círculo, os colaboradores puderam discutir, então, o que é santidade para cada um. Psicólogo e professor do Unilaslale-RJ, Julio D’Amatto concluiu que a santidade não está pronta, precisa ser perseguida. O vice-reitor, Ronaldo Curi Gismondi, declarou se tratar do amor ao próximo revestido em forma de ação. Para a socióloga e docente Adriana Arezzo, por sua vez, santidade se refere ao aprendizado a partir do outro, o ser afetado pelo outro que vive. Já o reitor, Irmão Jardelino Menegat sintetizou: “É reconhecer que temos aspectos bons, reconhecer os nossos limites e saber pedir perdão pelas nossas fraquezas”.

 

 

O encontro chegou ao fim com a história das três árvores, cujo final você descobre agora:

“A primeira árvore teve como fim um coche de animais. Ali, nela se colocavam feno, ração, um pouco de lixo. Em volta dela, o lodo crescia. A segunda árvore talvez tenha sido a com um fim mais próximo da sua realização. Ela virou um barco, mas navegava todos os dias no mesmo grande lago. Era um barco de pesca e, honestamente, perto do que esperava, ela até fedia um pouco. Sabe como é, ia ficando restos por ali... Nunca carregou ninguém importante, nunca visitou os portos. A última árvore teve, sem dúvida, o pior destino. Ela ficou esquecida por anos num depósito qualquer, em dois pedaços de madeira. O que a gente não entende é que nem sempre os planos de Deus são exatamente como os nossos. O que a gente, às vezes, esquece, é que o tempo de Deus não é o nosso. E que as realizações de Deus para nós podem ser muito maiores se a gente souber se colocar, com esperança, nas mãos Dele. Numa noite sem outra igual, em que uma estrela brilhou mais do que todas as outras, a primeira árvore recebeu um bebê, um menino. Que alegria ela sentiu quando entendeu que tesouro mesmo é a vida. Ela, que não esperava nunca ter nada de precioso, virou manjedoura, e acolheu uma família que não tinha onde parir. Ela, que não sabia nada, descobriu naquela noite que tinha se tornado o maior baú de tesouro de todos os tempos. A segunda árvore não saiu para mar nenhum, mas conheceu uma coisa incrível e presenciou milagres. No meio de uma tempestade horrorosa, em que os pescadores corriam assustados, ela viu um homem levantar de um travesseiro e dar ordens ao mar e aos ventos: ‘Acalma!’. E ela, que nunca tinha saído dali, viu o mundo inteiro passar pelos olhos, porque o mundo inteiro precisou se acalmar diante da vontade de Deus. A última árvore, que só queria lembrar Deus, numa sexta-feira cinzenta foi posta em cruz, e serviu de instrumento de tortura para um homem sem culpa alguma. Ai, que tristeza ela sentiu. Tão pacata, só queria ficar ali. A terceira árvore viu morrer um homem entre dois ladrões. Ao invés de se preocupar com a própria dor, garantiu aos outros que eles seriam perdoados. A última árvore não sabe, mas, dali para frente, muitos homens e mulheres todas as vezes que viram uma cruz, lembraram de Deus. Às vezes, os nossos sonhos, não se realizam como esperamos e é preciso paciência para entender que o tempo de Deus não é o nosso. Mas, quando os nossos reais propósitos se aproximam dos propósitos de Deus, as realizações deles nas nossas vidas são sempre maiores”.        

 

Visita da comunidade lassalista ao Cristo Redentor 20/05/2018

A Semana de La Salle coincidiria com uma mudança de temperatura, na qual rajadas de vento chegaram a 81 km/h. Porém, nada tirou a animação dos lassalistas, que mantiveram a subida ao Cristo Redentor no domingo, dia 20 de maio. Confira nas fotos:

 

  

 

 

Por Luiza Gould / Colaborou: Camila Reis

Fotos de Adriana Torres

Ascom Unilasalle-RJ

 

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