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“Helicóptero cai em Santa Madalena: instrutor e aluno sobrevivem”. “SERIPA começa investigações do acidente de helicóptero em Madalena”. “Vítimas de acidente com helicóptero na Região Serrana seguem internadas”. Era por volta das 12h do dia 12 de janeiro de 2014, quando uma fatalidade faria o instrutor Gabriel Silva Mataruna Assumpção, na época com 23 anos, ficar sem o movimento das pernas. Mas esta não é uma história triste, nem aquelas as únicas manchetes sobre o nosso personagem: “Desta vez para Gabriel, o gostinho não foi só da luta pela medalha, mas também de mais uma conquista, agora como campeão do tênis de mesa nos Jogos Paralímpicos Universitários 2016”. A frase da repórter Julia Zayas, do "Vida Esporte", programa da Rede Vida, se refere ao atleta de ouro que representou o Unilasalle-RJ na competição organizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, uma honra e tanto para os lassalistas.

Estudante do 3º período de Direito, Mataruna conheceu o Irmão Jardelino Menegat no último dia 19, recebendo dele e do vice, professor Ronaldo Curi Gismondi, os cumprimentos pelas duas medalhas que carrega no peito desde dezembro do ano passado. Na sala do reitor, ele contou um pouco da sua trajetória no esporte: “Com um ano de lesão, conheci o tênis em cadeira de rodas e passei a disputar competições. Quando soube do primeiro torneio de jogos universitários a nível nacional idealizado pelo Comitê decidi participar mesmo não tendo a minha modalidade. Como andante já tinha tido experiência com o tênis de mesa, inclusive enquanto atleta, sendo campeão em jogos estudantis em Maricá. Vi ali um caminho”.

Reitor assiste à reportagem televisiva com entrevista ao graduadando

Para voltar com força total, no entanto, foi necessário muito treino, mais precisamente duas horas a cada dia durante dois meses. Com o apoio da Atlética de Direito do Unilasalle-RJ, Mataruna conseguiu raquete e camisa, indispensáveis para os jogos. O futuro advogado fez questão de ir sozinho para São Paulo participando dos cinco dias de páreo, dos quais saiu vencedor geral (levando em consideração todos os competidores) e da Classe III (definida pelo Comitê como sendo composta por “atleta paraplégico, com equilíbrio insuficiente quando sentado ereto numa cadeira de rodas sem suporte de um encosto. Músculos abdominais e das costas não são funcionais para controlar a parte superior do tronco e fixar a posição lombar”).

Planos para o futuro não faltam ao lassalista. Gabriel Mataruna pensa em migrar do tênis em cadeira de rodas para o tênis de mesa, por, na quadra, os adversários não serem escolhidos segundo o mesmo tipo de lesão, e, portanto, a realidade estar mais distante do “igual para igual”. “Quero buscar o bicampeonato na segunda edição dos jogos universitários, este ano, e conseguir me filiar a um clube para a participação nas competições regionais, espero conseguir no Vasca da Gama. Futuramente quero ir atrás de uma vaga no Parapanamericano e nas Paralímpiadas”. 

Gratuidade na graduação

Pouco a pouco, Mataruna quebra paradigmas. Apesar de ter ficado abalado ao receber do médico a notícia da lesão medular nas vértebras T3 – “lembro de falar para o meu pai: Minha vida acabou”, e ele dizer: “Biel, tudo o que estiver ao nosso alcance para você se superar vamos fazer” – hoje ele só quer transmitir uma mensagem. “Acredito que minha missão seja mostrar que o cadeirante tem uma vida normal, só vejo o mundo de uma posição diferente, sentado e não em pé como você”, afirma dando aula à jornalista, “Já me perguntaram ‘O que você faz em casa para passar o tempo?’ Durmo apenas, porque saio às 8h e só volto 22h30”.

A rotina é corrida. Do trabalho no setor de investimentos na Ampla à faculdade no turno da noite, ele ainda arranja tempo para a paixão do esporte e para o namoro. Andar de carro também não é problema, tendo autonomia para dirigir. Em relação à carreira, ele tenta agora ser remanejado para o setor jurídico da empresa de energia, para adquirir experiência, sem deixar de lado os estudos. Esta é a primeira graduação de Mataruna, que já possui diploma em Ciência Aeronáutica a nível técnico, tendo se formado como o mais novo instrutor de voo do país, aos 21 anos.

Ao fim do encontro, Menegat concedeu a Mataruna gratuidade enquanto o atleta representar a instituição nas competições, conforme contrato firmado. “Queremos ser uma referência de qualidade, mas também de assistência social, ajudamos muitas pessoas e com você não será diferente”, anunciou o reitor, “A sua coragem de como vencer na vida e o fato de nos representar orgulha o nosso centro universitário”. Funcionários recebem a visita do campeão do tênis de mesa nos Jogos Paralímpicos Universitários 2016.

Funcionários recebem a visita do campeão do tênis de mesa nos Jogos Paralímpicos Universitários 2016


Por Luiza Gould

Ascom Unilasalle-RJ

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