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Mais do que arte, tratar dos fios capilares é uma ciência, com nome grego, país de origem e data de nascimento. A TRICOLOGIA (thricos = cabelos + logos = estudo) surgiu em 1902, tem sangue inglês, e faz parte da vida de Silvia Barreto desde 2004. Com a proposta de aliar beleza à saúde, a pós-graduada na área pela Universidade Anhembi Morumbi – SP realiza palestras por todo o Brasil, além de países como Argentina e Itália, acumula prêmios, entre eles o Sebrae Mulher de Negócios 2015 no estado do Rio de Janeiro, e, agora, voluntariamente, ministra o curso “Iniciação ao profissional de salões”, uma aposta do Unilasalle-RJ para mudar realidades. Parceria do Setor de Ação Comunitária (SEAC) com a Extensão, as aulas são voltadas a moradores das comunidades do entorno do centro universitário, em situação de vulnerabilidade social.

Logo na abertura, realizada no Anfiteatro Irmão Hilário dia 24 de novembro, Silvia deixou claro o mote dos encontros: “É uma profissão linda, mas você precisa estudar. Queremos chegar a uma nova categoria de profissionais, com a visão de que estamos cuidando de vida”. A especialista fala de beleza com saúde com a propriedade de quem já sentiu na pele o quanto a falta desta combinação pode ser prejudicial. Em 2003, Silvia foi internada por complicações pelo uso irregular do formol em um procedimento para alisar o cabelo. Sem saber o que havia sido usado pela cabeleireira, ela decidiu, depois de curada, ir atrás de conhecimento para si própria. E, assim, deixou a loja de móveis e a formação de contadora no passado.

 

“O que fizeram comigo é proibido. São 15 anos de prisão inafiançável, apesar de ser prática em 90% dos salões. O índice de câncer na mulher aumentou 20% em 2014 por uso de produtos errados”, explica, lembrando que as leis serão apresentadas também na “Iniciação ao profissional de salões”. Livia Ribeiro, coordenadora da Ação Comunitária, reitera se tratar de um “curso simples, anterior ao preparatório do auxiliar de cabeleireiro, mas, a médio prazo, se trata de um projeto para a pessoa se resolver financeiramente”. Ela conta que o objetivo de uma formação rápida no momento é fazer o interessado poder ser aproveitado pelo mercado em dezembro, “época do ano na qual os salões têm um movimento fora do comum”.

Esta é uma das três frentes de ações do SEAC. No âmbito das campanhas de solidariedade, a comunidade é convidada a doar algo, compartilhar com o outro, o que “soluciona um problema pontual”. Outra linha é a da espiritualidade, para a formação humana. “A promoção humana vem para, aproveitando a estrutura que temos, fazer os atendidos caminharem com as próprias pernas”, explica Livia, “Em 2015, colocamos em prática o curso de manutenção de microcomputadores. Idealizamos, recentemente, a Oficina de Confeitaria para Mulheres, que atingiu muito este objetivo. Mas queríamos ir além e aí a Silvia aparece como uma luz, com esta experiência diferenciada”. 

SETOR COM FORÇA CONTRA A CRISE

Adriana da Fonseca Conca é assistente administrativa e veio ao Unilasalle-RJ por querer empreender. “Há dez anos, quando descobri o Alzheimer da minha mãe, saí da minha profissão, fiz curso de depiladora e manicure achando que ia cuidar dela em casa. De lá para cá, faço freelancer em salões de conhecidos. Agora estou montando o meu. Sei fazer uma escova, mas não tenho experiência de cabeleireiro, vi no curso a solução para não errar, não entrar no mercado e falir”, contou Adriana na primeira aula. Em busca de conhecimento, ela trouxe também a amiga, Priscilla Cunha Martins, para aprender e ajudá-la na empreitada como sua primeira funcionária. Se depender dos números, a decisão da dupla foi acertada. O Brasil é atualmente o terceiro mercado em beleza, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, com cerca de US$ 43,5 bilhões destinados a compra de produtos em 2014, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). 

“Mesmo com toda a crise, é uma área que continua em crescimento, pode ter crescido menos, mas não estagnou”, avalia Silvia, “Dá para começar sem muito gasto com equipamentos, porque gira muito em torno da prestação do serviço”. Em suas experiências de docência, a especialista viu casos de alunos comprando carros, casas, formando filhos em faculdade, tendo clientes indicados por dermatologistas e passando a estudar a biomedicina estética. Na opinião de Silvia, esta vertente, que trata das disfunções do couro cabeludo e altera a aparência dos fios sem intervenções invasivas, é um plus à profissão, com diferentes possibilidades de trabalho:

“Brinco que o cabeleireiro faz o clínico geral para depois ir para a residência. Ele pode ser um excelente escovista, maquiador, trabalhar só com penteados, um colorista. A porta de entrada é muito mais fácil quando dividimos em módulos. Queremos apresentar um pouco deste mundo em ‘Iniciação ao profissional de salões’ e formar cabeleireiros diferenciados a partir da tricologia”.    

A ideia é que o curso vire, no futuro, uma pós-graduação em Estética no Unilasalle-RJ. Para tanto, parcerias são fundamentais. O centro universitário já conversa com o Sindicato dos Salões de Barbeiros, Cabeleireiros, Institutos de Beleza e Similares de Niterói, para ver a possibilidade dos salões da cidade absorverem os alunos de Silvia. "Estamos precisando de outro tipo de formação no mercado", constata Andréa Marques Valença, presidente do sindicato, "Já temos convênio com alguns centros técnicos formadores, como o SENAC. Estamos vendo agora possibilidade de ajudar também os que sairão do Unilasalle-RJ em busca de trabalho e de um complemento à formação". 

 

 

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