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Elas olham por quem passa na Galeria La Salle, como olharam para as lentes de Victor Moriyama em ensaios fotográficos. Mas também aparecem em cenas cotidianas registradas pelo mesmo fotógrafo na capital paulista, onde tentam conseguir reconhecimento do governo brasileiro de suas situações de refugiadas. Em seus novos empregos, na Igreja, na rua com os filhos ou na feira, Sylvie, Alice, Jeannete, Jonathan, Mayada, Maria e Vilma surgem como “mulheres guerreiras, que voltam à normalidade da vida”, longe de qualquer perseguição. Com este intuito, o projeto “Vidas Refugiadas”, em forma de três mostras, já passou por Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, São Paulo, Foz do Iguaçu, João Pessoa, Rio de Janeiro e desde o último dia 26 de outubro está abrigado no espaço cultural do Unilasalle-RJ.

As 16 estruturas em metalon com fotos em lona, presas pelas bordas, são mais do que grandes fotografias. O projeto de Moriyama, em parceria com a advogada Gabriela Ferraz, dá voz a mulheres obrigadas a sair de seus países de origem pelos mais diversos tipos de violência de gênero, empoderando, assim, uma figura geralmente esquecida quando o assunto é refúgio. Como ressaltou a coordenadora da Galeria, Angelina Accetta, na noite de quarta-feira, “cada painel tem uma história e é nosso dever enquanto academia senti-las, externá-las porque a função da arte dentro de um centro universitário como este é falar de vida, sentimento”.

Já são 65 milhões de pessoas no mundo cuja trajetória foi marcada por um deslocamento forçado e 15 conflitos em andamento. Os dados, da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), foram citados por Gabriela que, apesar de não poder estar presente na abertura por compromissos em Buenos Aires, enviou uma mensagem lida pela coordenadora de RI, professora Denise Salles, na inauguração. “Este é um número grande que não tende a diminuir. Queremos colocar rostos, sentimentos, desejos e objetivos nestes números. Precisamos olhar de fato para elas e não só com os olhos, também com os ouvidos, com o coração, compreender o motivo dessas mulheres estarem aqui e o que podemos fazer neste processo de integração e retomada. Agradeço a todos por estarem motivados”, dizia trecho da mensagem.

A advogada conheceu as personagens reais de “Vidas Refugiadas” quando trabalhava para regularizar a situação de migrantes em São Paulo, mas sua militância na área passa também pelo Rio, na Cáritas-RJ. A instituição é parceria do Unilasalle-RJ em projeto de pesquisa justamente na área de refúgio e Direitos Humanos, fato lembrado por Denise durante o evento e celebrado pelo Irmão Jardelino Menegat. O reitor foi conferir de perto a mostra no dia 26, deixando algumas palavras aos presentes:

“Felicito a coordenação de Relações Internacionais junto da Galeria La Salle por trazer um tema que nos toca, mas não tanto quanto deveria por não estarmos próximos. Vemos na televisão, ouvimos no rádio. No entanto, é como o que pude atestar, uma coisa é ouvir falar da África, outra é conhecê-la. Uma coisa é ouvir falar das comunidades carentes de Niterói, outra é ir até elas, desenvolver trabalhos, como faz o Setor de Ação Comunitária, estimulando nossos alunos a vivenciarem outras realidades. “Vidas Refugiadas” nos aproxima dessas pessoas. Parabéns ao curso por não se permitir focar apenas no Comércio Exterior, por sensibilizar uma parte dos nossos discentes, que agora serão multiplicadores para os seus colegas”.

A inauguração da mostra fez parte da Semana de RI. "Vidas Refugiadas" segue em cartaz na Galeria La Salle até 24 de novembro. 

 

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