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Receita de como celebrar a infância

Ingredientes: 1/2 xícara de farinha de trigo em um dos balões repletos de doces

1 colher de chá de purpurina para fazer as pinturas corporais brilharem

1 barra de chocolate para a confecção do pirulito

2 colheres de granulado colorido para cobrir o cupcake

1 copo de leite com Nescau e 1 sanduíche, a energia necessária para cama elástica, queimado e pique bandeirinha seguidos

Água a gosto, pois a brincadeira é transferir o líquido de um balde a outro com o auxílio de uma esponja

Modo de preparo: Misture todos os ingredientes, dedique seu tempo e conte com a organização do Setor de Ação Comunitária do Unilasalle-RJ e voilá! Aqui está o melhor Dia das Crianças de todos os tempos!

As receitas remetem ao caderninho escrito pelas avós já com páginas amareladas e manchas. Apesar de serem uma junção de medidas e instruções, elas carregam a história de gerações, de refeições preparadas e compartilhadas em família, diante de uma mesa farta. As receitas carregam, portanto, memória afetiva, assim como a trajetória que o SEAC vem construindo no espaço da Noronha Torrezão. Há um ano, a equipe do setor iniciava a primeira grande ação junto às crianças e jovens de comunidades carentes, assistidos pelo projeto Desabrochar, no Centro Social Vicenta Maria. Após celebrar o Dia das Crianças, era a vez de voluntários graduandos ministrarem, ao longo deste tempo, oficinas de inglês, informática e artes aos fins de semana. Para comemorar o trabalho desenvolvido em parceria com as Religiosas de Maria Imaculada, nada melhor do que proporcionar uma nova tarde repleta de diversões em homenagem à infância.

Em 2017, a responsabilidade ficou a cargo de Thiago de Oliveira, braço direito da coordenadora Livia Ribeiro, ausente devido à participação de congresso no México. O frio na barriga por ter sob sua alçada uma ação com cerca de 30 crianças e 35 voluntários poderia assustar, mas não tirou a segurança de Oliveira. “Toda a minha formação passa pela pastoral, pelo engajamento paroquial, mas também pelas mãos da Livia. Nos fortalecemos por ver a confiança no que ela faz e nos ensina”, atestou, “É um desafio, ficamos preocupados em fazer com que as coisas aconteçam, com que os voluntários se engajem, com que as crianças recebam o nosso melhor, mas cientes dos possíveis erros, a serem corrigidos da próxima vez, e também dos acertos, a serem potencializados”.

Para minimizar os erros, as instruções começaram cedo, com a reunião de toda a equipe na “central do voluntariado”, espaço improvisado para guardar os materiais usados nas atividades. Ali os voluntários foram separados em logística, oficina de pintura, oficina de pirulito e cupcake, além de recreação. A última, por sinal, se mostrou o ponto-chave do evento, já que a proposta era “voltar às brincadeiras do passado, para tirar um foco de tecnologia, celular, internet, saindo do universo virtual e interagindo mais”.

Na parte da manhã, esta missão ficou a cargo dos alunos do 8º período de Administração. Eles receberam como tarefa da professora Juliana Jomori participar do Dia das Crianças do Centro Vicenta Maria. A turma precisava escrever um projeto de atividades, executá-las e, depois, produzir um relatório, apresentando resultados. Thatiane Gutierrez, de 30 anos, aprovou a iniciativa da docente: “Eu já havia atuado em ações assim, mas a proposta desperta nos alunos que nunca passaram pelo mesmo, a vontade de fazer. Ela lançou esta ideia, é para nota de prova, mas se mostrou importante para a vida”.

Thatiane trouxe a amiga Fernanda Capulot, de 20 anos, para animar as crianças, e a voz que sobressaiu no meio delas, dando a partida para as mais diversas gincanas, mostrou para a que veio. Quando a repórter comenta que o seu sobrenome deveria ser “recreação”, a jovem ri e confessa ser animadora de festas desde os 16 anos, além de professora de Educação Infantil e estudante de Letras na UERJ. Apesar de não conhecer o Centro Social Vicenta Maria, ela parecia estar em casa, e ter um lago conhecimento sobre o público com que lidava. “Eu vejo uma carência não só financeira, mas afetiva nelas. Há uma máscara de adulto em algumas, mas quando nos aproximamos, damos atenção, usamos a linguagem delas, vemos a reação de criança. Estou sentindo um clima bastante solidário. São pessoas diferentes, que vieram ajudar por vias diferentes, mas se uniram em prol do objetivo de trazer alegria para as crianças”, atestou.

Não é difícil provar o que fala Fernanda. Se Thatiane veio com o empurrãozinho da professora Juliana, por exemplo, Magno Marques foi motivado por um problema de saúde: a síndrome do pânico. O estresse de administrar um condomínio, mesmo estando ainda no início da graduação – atualmente no 4º período de ADM –, fez o jovem de 22 anos ter crises de ansiedade. Os sinais começaram com náuseas, passaram para variações bruscas de pressão até culminarem com o medo, inclusive de dormir. Constatado o problema, era a hora de sair do emprego e “buscar espairecer para me reabilitar. Foi quando pensei na Ação Comunitária do Unilasalle-RJ”. Também estreante no Desabrochar, Marques se sentiu retomando simplicidade dos anos iniciais de vida: “Não tem computador, mas eles não estão nem um pouco chateados com isso, estão correndo, pulando, jogando futebol. Acabamos compartilhando essa alegria, voltando no tempo com eles e graças a eles”.

 

 

 

 

 

Sentindo-se criança novamente, Marques pode se ver, quem sabe, como Charles Rezendes, de 13 anos, aquele que ama ping pong. “Ping pong não tia”, corrige, “é tênis de mesa. Ping pong é para quem é iniciante, já estou mais avançado”. Atendido pelo projeto, Charles afirma que é um dos melhores da turma no esporte e estava ansioso por ganhar bolinhas novas, prometidas por Thiago de Oliveira ao descobrir a paixão do menino. No Dia das Crianças promovido pelo SEAC do que ele mais gostou foi “fazer o pirulito de chocolate e participar da brincadeira da água com a esponja. Fui duas vezes, na segunda que os meninos competiram contra as meninas nós ganhamos”.

Balanço de um ano de atividades

Para a Irmã Suely, responsável pelo espaço, a atuação do Unilasalle-RJ vem fazendo a diferença nos fins de semana de Charles e de outras 60 crianças, agora divididas em grupos de 6 a 12 anos e de 13 aos 18. “A estratégia deste ano, de separar por faixas etárias, ajudou muito os voluntários. Percebemos uma mudança no comportamento. Antes, os irmãos mais velhos vinham com os menores, dificultava o rendimento. Das oficinas pensadas pelo centro universitário, inglês, recreação, luta e informática foram as que mais cativaram. Teve uma aluna que fez um menino que não falava nada, conversar com ela, ficamos admirados”, avalia.

As oficinas continuam aos fins de semana e a próxima festa no Centro Social Vicenta Maria já tem data marcada, será no Natal, repetindo a receita bem-sucedida de 2016.         

Por Luiza Gould (texto e fotos)

Ascom Unilasalle-RJ

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