Falas emocionadas marcaram o início do V Colóquio Internacional do RIGPAC, sob o tema Identidade territorial, Globalização e Patrimônio. A abertura aconteceu na manhã desta quarta-feira (12), contando com a presença de profissionais e estudantes de diferentes áreas que se dedicam à pesquisa científica e às questões de patrimônio no seu dia a dia de trabalho. A primeira conferência foi ministrada pelo Prof. Dr. Leonardo Barci Castriota, subcoordenador do Mestrado Interdisciplinar em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável (MACPS) na UFMG. O evento se estende até sexta-feira (14), na Universidade La Salle.
“Esse trabalho não se resume a um fazer religiosamente conservacionista. O patrimônio não está nas coisas, mas na relação que temos com essas coisas, que deixam de ser abstratas e se toram únicas por esse laço. Têm significado.”, declarou o Prof. Dr. Carlos Mario Yory, Presidente RIGPAC, da Universidades Nacional y Católica de Colombia.
A Profa. Dra. Cleusa Maria Gomes Graebin, da organização do evento, falou do posicionamento institucional diante do tema e dos mais recentes infelizes casos, como definiu, que comprometeram direta e definitivamente a preservação da história do Brasil e do mundo. Um deles foi o incêndio que destruiu o acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro. “Felizmente, nossa casa se preocupa com a memória construída, com o patrimônio. Por isso nos esforçamos em trazer esse evento da Rede. Nosso trabalho é crítico para avaliar o que queremos deixar e como deixar. Porque nos preocupamos é que estamos aqui”, afirmou.
O caso de Bento Rodrigues
Após a saudação do Vice-Reitor e Pró-Reitor de Pós-Graduação Pesquisa e Extensão, Prof. Dr. Cledes Casagrande, o conferencista tomou a palavra para tratar de um assunto que percutiu muito no país, que ainda sente seus efeitos. Sob o título “Conservação baseada em valores frente a um sítio de memória: o caso de Bento Rodrigues”, partilhou as principais considerações sobre o trabalho de conservação de patrimônio realizado em Mariana, após o rompimento da represa da empresa Samarco Mineração SA, em 2015.
Bento Rodrigues é um subdistrito de Santa Rita Durão, no município de Mariana. Leonardo Castriota detalhou as características da localidade antes do rompimento da barreira, destacando a sua importância como centro de mineração no século XVIII, a arquitetura característica e preservada pelos moradores (que então viviam, principalmente, da agricultura familiar), incluindo o caminho histórico Estrada Real, que ligava Minas Gerais ao Litoral carioca.
“Preservar Bento Rodrigues é firmar um compromisso com o futuro. Embora esteja dessocializado, ele pode ser considerado um sítio de consciência, porque conta a história de eventos que lá aconteceram e promove a reflexão sobre. As pessoas visitam Bento Rodrigues, os antigos moradores fazem questão de preservar as marcas da lama, para servirem como lembrança e lição para as novas gerações. É uma conservação baseada em valores e significância cultural”, explicou Leonardo.
Ao final, alertou: “Ao apagar a memória, também se apaga a possibilidade de construir um futuro mais pacífico e atento aos erros cometidos no passado”, concluiu.
V Colóquio Internacional do RIGPAC
O evento segue até sexta-feira (14) e contempla diferentes abordagens acerca do tema principal.
Ainda hoje acontecem comunicações orais de trabalhos, com ouvintes e pesquisadores nacionais e internacionais. Esses momentos se repetirão ao longo do RIGPAC, somando mais de 25 apresentações.
Na quinta-feira (13), acontecerá a palestra da manhã, ministrada por Nelson Inda, Presidente Comisión del Patrimonio Cultural de la Nación, do Uruguai. Na sequência, a segunda conferência do evento, sob a responsabilidade de Pablo Cicollela e Iliana Mignaqui, ambos da UBA, da Argentina.
Na sexta-feira (14), o fechamento será feito com a palestra do Dr. Luis Fernando González, Coordenador RIGPAC para América Latina e da última conferência, ministrada pelo Dr. Bernardinho Lindez, que falará sobre o Dossie La Alhambra da Revista Mouseion e Workshop Turquia 2019.
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