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Na última quinta-feira (26/10) a investidora do programa Shark Tank Brasil, da Sony, Camila Farani, esteve na Universidade La Salle, em Canoas, para participar do Canoas Startup Show. Durante a tarde Camila bateu um papo descontraído com nossa equipe de jornalistas onde falou sobre empreendedorismo no Ensino Superior, mulheres empreendedoras, negócios sociais e como superar os “nãos” na hora de empreender. O resultado completo dessa conversa você confere abaixo.   

Pergunta - Camila hoje você participar desse concurso, que acontece em parceria com Universidade La Salle. Eu tenho a sensação que por muito tempo o empreendedorismo caminhou em paralelo ao mundo acadêmico. Como tu avalia essa integração?

Camila - Você tem dois momentos do cenário empreendedor. Há 8, 10 anos você tinha empreendedores por necessidade. A pessoa precisava abrir um negócio próprio para ser o sustendo da família. Isso eram mais de 60% dos empreendedores no Brasil. Muitas vezes esse empreendedor tinha pouco tempo e naturalmente estudava menos. Com a quarta revolução tecnológica, com a interação, a facilidade de comunicação, com os negócios criados em garagens, você de fato trouxe esse movimento e fez com que os empreendedores quisessem empreender. Você tem hoje uma parcela maior que 50% de empreendedores por oportunidade, que é, por exemplo, a pessoa que está na faculdade e quer ser empreendedor. É uma questão de perfil.

Pergunta - Exatamente por ser uma questão de perfil e não de área, você acredita que no futuro teremos disciplinas de empreendedorismo nas engenharias, carreiras da saúde, comunicação, etc?

Camila - Sem dúvida. O empreendedorismo tem que ser transversal em todas as disciplinas. A gente fala: “Você vai abrir um negócio?”. E as pessoas respondem: “Não, pelo amor de Deus!” Mas não é só jornalista, é o médico, o artista. Nos meus workshops eu faço uma que se chama “A Startup Em Você”. Nesse workshop eu ensino como pessoas de áreas que, não necessariamente, são de negócios. Ensino como elas podem empreender. Justamente porque entendi que havia uma lacuna desses profissionais. Eles acharam que nunca poderiam fazer por não terem aptidão para isso e, no fim, todo mundo é empreendedor. O que difere hoje os Estados Unidos, Israel e países da Europa a serem nações desenvolvidas é em boa parte que elas têm grandes empresas, porque o empreendedorismo acontece desde o primeiro momento.

Pergunta – Você acha que no Brasil ainda falta isso? Talvez até na educação básica?

Camila - Sem dúvida nenhuma. A gente agora que começou a conseguir incluir empreendedorismo em alguns currículos básicos. Mas isso é um caminho sem volta. O empreendedorismo começou entrando na educação superior e vai descendo para as mais básicas.

Pergunta -  Camila, você é Co-fundadora do MIA – Mulheres Investidoras Anjo, pioneiro grupo de mulheres investidoras anjo do país. Além disso tem outras atividades ligadas ao feminismo. O mundo dos negócios e empreendimentos ainda é muito masculinizado ou já estamos a frente disso?

Camila - Eu vou ser honesta, o preconceito existe, mas eu, Camila, ainda que tenha sofrido gosto de passar uma mensagem, principalmente para mulheres, que é: Antes de você apontar o dedo olhar para você, sob o aspecto do que eu posso melhorar para ter meu lugar ao sol. Isso com homem e com mulher. Sim o preconceito existe, já sofri, mas não é algo que dou um peso grande porque sempre olhei para como eu poderia ser melhor. E todas essas respostas elas não estão fora, elas estão dentro. Como eu consegui alavancar minha carreira? Estudando muito, fazendo boas conexões e entendendo que eu precisava como ser humano estudar. Contra bons argumentos ninguém resiste. Hoje eu faço um programa de TV que comprova isso (Shark Tank). Eu lido com isso de forma simples, a gente, mulher, precisa passar uma mensagem que independente do mercado nós conseguiremos chegar lá!

Pergunta - A gente caminha para uma sociedade mais politizada, socialmente e ambientalmente preocupada. Isso se reflete nos negócios que estão sendo idealizados por aí?

Camila - Sim, temos aspectos interessantes. Você vê muita empresa querendo abrir um negócio social e eles acham que por ser social não pode ter lucro. Quando na verdade o empreendedorismo social, dependendo do tipo, você precisa geral lucro. Mas ele tem o viés social porque você prove um bem para sociedade isso gera lucro, muitas vezes e tem que gerar mesmo. Hoje eu vejo uma geração preocupada com proposito, com se sentir parte de construir algo bacana. O que não deixa de ser um aspecto social. A sustentabilidade da economia, do planeta, florestas, eu vejo isso de forma muito clara. E não vejo só da minha geração, eu tenho 36 anos, mas até de gerações mais acima. A gente muitas vezes se fecha porque tem o desconhecimento disso, de como fazer.

Pergunta – Algumas pesquisas falam sobre o fato de a nova geração não sabe lidar com frustações e ser muito ansiosa.  O que você falaria para essa geração?

Camila - Eu digo que o não ele é extremamente necessário para você obter um sim. São 100 nãos para um sim. O não faz parte. Faz com que você saia da zona de conforto. Se você só quer sim, esquece! Porque empreender não é para você, mas viver também não é para você. Porque a gente toma “não” todos os dias. Então no final das contas não está entre receber sim ou não, mas a forma como você lida. Eu recebo não até hoje, o tempo inteiro. O “não” existe em todos os aspectos, a forma como você reage faz a diferença e vai dizer quem você é lá na frente.

 

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