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Na noite dessa quinta-feira (28), aconteceu quarta entrevista da rodada de encontros do projeto “Com a palavra, os canditados: o futuro do Rio Grande do Sul em pauta”. O convidado da vez a subir ao palco da Universidade La Salle foi o pré-candidato Mateus Bandeira, do Partido NOVO.

Sobre a dinâmica

A exemplo do que está programado para todos os pré-candidatos, o convidado teve um momento inicial para apresentar suas propostas. Após, o Prof. Dr. Daniel Achutti, coordenador da Área de Direito e Política, introduziu a rodada de perguntas a Mateus Bandeira, com a mediação da jornalista Maíra Gatto, que atua no Marketing da Universidade.

O público também pôde fazer questionamentos, que foram escritos em papeis distribuídos pela organização do evento durante as falas e entregues para o pré-candidato.

Mateus Bandeira falou sobre questões que, ao seu ver, tornam o Rio Grande do Sul um estado menos livre. Afirmou que existe uma “fuga de cérebros”, se referindo aos jovens que optam por sair do país para buscar espaço de atuação profissional e aperfeiçoamento.

Neste contexto, o Prof. Daniel Achutti lhe perguntou sobre a Educação Superior e Pesquisa Científica no RS. Confira:

Mesmo nos países que adotam o modelo de estado reduzido, o financiamento de pesquisas de ponta é marcante. Essas pesquisas, quando bem desenvolvidas, geram produtos muito interessantes. Na sua visão, qual é o papel da educação e da pesquisa no projeto de desenvolvimento para um estado?

 Na minha opinião a educação é o desafio de mais importância, de longo prazo, de um país. É a principal alavanca para o desenvolvimento econômico e social, é evidente, e a principal ferramenta individual das pessoas para crescerem e buscarem oportunidades melhores. Eu não tenho dúvida nenhuma disso.

Muito se fala na importância da educação, eu escuto muito falar disso, muito se fala na valorização dos professores, mas o fato é que a educação pública no Brasil, embora o Brasil destine, mais ou menos, 5% do PIB para investimentos na educação, ela seja uma das piores do mundo. A gente figura na lista de ranking internacionais, como do PISA, por exemplo, na rabeira do ranking. Apesar de todos os esforços e de toda a retórica.

A educação pública é lamentável no Brasil. O RS, em especial, ocupa a 15ª posição, por exemplo, no ranking no IDEB de Ensino Médio, o que é vergonhoso para um estado que já liderou a lista de qualidade da educação no Brasil. Isso decorre de várias coisas: de má alocação de recursos, porque a gente gasta como os países desenvolvidos, mas a qualidade é muito ruim. Então, alguma coisa a gente está fazendo errado. Por exemplo a alocação de recursos. A gente gasta muito mais per capta, se não de engano de 8 a 10 vezes mais per capta, por exemplo, no financiamento do Ensino Superior em relação ao Ensino Fundamental.

Qual é a prioridade do país? É evidente que a educação é importante, mas se a gente tem recursos que são escassos, e isso é da natureza de todos os orçamentos são escassos, a gente deveria estar financiando Ensino Superior, público e gratuito para todos, de novo: na minha opinião, uma forma de preservar desigualdades, porque quem tem acesso naturalmente ao Ensino Superior público e gratuito são aqueles que tiveram acesso às melhores escolas de Ensino Médio e Fundamental. Não são os que mais necessitam de recursos. Hoje deveria estar financiando o Ensino Fundamental, primeiro, e o Médio. Como fez, por exemplo, a Coreia do Sul.

Há 50, 60 anos, Coreia do Sul tinha mais ou menos a mesma per capta do Brasil e decidiu investir em educação. E investiu pesado na educação do Ensino Fundamental e depois no Médio. Então eu acho que existe um problema que é a má alocação de recursos.

Depois, quer dizer, é muito recente, são pouco mais de 15 ou 20 anos, as pessoas começaram a trabalhar com indicadores, e começou a medir e a ter noção da qualidade da educação. Estou falando do RS que é o 15º no Brasil, mas mesmo o 1º lugar (...), tem nota 3.9, de zero a 10, os dois estados que disputam a liderança do ranking. É lamentável! Então, é óbvio que tem problema de alocação e de gestão.

Os indicadores são recentes. Sem indicador não dá para medir, e aquilo que se mede não se gerencia. (...). O primeiro passo para resolver um problema é entender a causa raiz do problema, para depois trabalhar na solução. Educação tem um problema de má locação de recursos e um problema de gestão. Esses, aliás, são dois vértices que a gente quer trabalhar no nosso plano de governo. Agora, aproveitando para falar um pouco sobre as nossas ideias que é, obviamente, trabalhar para melhorar a gestão, mas a gente não pode condenar toda essa geração a esperar que a gente melhore a gestão de toda a rede estadual de ensino. Então a gente quer testar coisas que já deram certo no mundo.

Como, por exemplo, comprar vaga em escolas de qualidade, o que já se faz, aliás, no Ensino Superior. A gente compra vagas no Ensino Superior para pessoas que não têm condições de pagar, que é o nosso Prouni. Por que não pode ter um Prouni do Ensino Básico? Essa seria a maneira mais rápida de diminuir esse abismo que existe entre a qualidade da escola do filho de família pobre, que não tem acesso, e a qualidade da escola daqueles que têm mais recursos e que podem escolher uma escola boa. Comprar vagas em escolas que tenham IDEB acima de 6 e 7 é a maneira mais rápida de oferecer ensino de qualidade para essas pessoas.

Uma outra experiência que a gente quer copiar aqui, que lá fora, no exterior, é chamado de Sharted Schools, que aqui a gente tem um modelo muito parecido, que é o modelo da Fundação Liberato Salzano, que são as chamadas Escolas Comunitárias. Escolhem uma escola ou redes de escolas e selecionam, de maneira pública, uma organização social ou uma escola ou entidade privada para gerir essa escola, livre das amarras do estado, livre da necessidade de fazer licitação para tudo, de contratar concurso e depois ter pouca capacidade de gestão, de não poder botar um sistema de incentivos adequado. Onde estado dá o recurso, dá o orçamento e só cobra o desempenho.

Sobre a pesquisa, é evidente que a pesquisa é importante. Pesquisa que esteja alinhada com o contexto do mercado. A pesquisa que possa gerar produtos novos ou inovações de produtos já existentes para o mercado, que tenha retorno. A gente não faz isso. No Brasil a gente investe em pesquisa, mas não mede o que a gente faz. A gente faz pesquisa e mede a geração de papers, não mede o que é feito com essa pesquisa que é produzida no Brasil. Então, acho que o Brasil, talvez devesse, sim, como é feito em outros países, participar do investimento em pesquisa e desenvolvimento, ou incentivar o investimento que deve ser feito. Aliás, o Brasil deveria fazer o que outros países fizeram e tornar as regras mais fáceis para a atração de cérebros para o Brasil e trazer professores estrangeiros para as universidades. Por que os Estados Unidos são o destino preferencial no mundo para estudar em escolas de ponta e universidades? Por uma razão muito simples: os Estados Unidos fazem esforço para atrair os melhores cérebros para as universidades. (...). Existe um contingente enorme de professores que são estrangeiros e que vão pelos incentivos corretos que são colocados e que aqui não existem. Então, existe muito a fazer no ponto de vista de investimento em pesquisa e desenvolvimento, obviamente com ajustes e não como a gente faz hoje. (...). Precisamos testar coisas novas para o estado, para não continuar fazendo o mesmo e obtendo os mesmos resultados e trabalhar na gestão da rede estadual de ensino existente.

Participe da programação

O evento é aberto e gratuito para toda a comunidade. Em breve serão divulgadas as datas das entrevistas dos demais candidatos, que ainda podem sofrer alterações em função das agendas de campanha.

A participação de Mateus Bandeira encerrou o primeiro ciclo de entrevistas com os pré-candidatos ao governo do estado. O segundo ciclo acontecerá em agosto, com datas e participações ainda não confirmadas.  Fique ligado nos canais da Universidade para saber de tudo em primeira mão.

Com a palavra, os canditados: o futuro do Rio Grande do Sul em pauta

Trata-se de uma realização da Universidade La Salle, com o patrocínio da CDL Canoas e a parceria da OAB Canoas e do Diário de Canoas

As atividades acontecem no campus em Canoas (Av. Victor Barreto, 2288) e são abertas ao público. “É papel da Universidade ser protagonista junto a sua comunidade. Diante das inúmeras dificuldades que ainda temos hoje em um país como o Brasil precisamos prestar o exercício da democracia, no sentido de permitir que todos possam esclarecer e trazer suas propostas de governo e serem ouvidos por nossa comunidade acadêmica”, contextualiza o Assessor de Assuntos Internacionais e Interinstitucionais da La Salle, Prof. Dr. José Alberto de Miranda.

Confira os melhores momentos da noite no álbum do Flickr.

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