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“O discurso corriqueiro sobre a sustentabilidade é que cada um deve ‘fazer a sua parte’. A pessoa tem que poupar água, e tem mesmo, só que ela também precisa saber que mais de 70% da água do planeta é gasta pela agricultura/agropecuária, por mais que você tome banho em três minutos”. A fala é de Carmen Evelyn Rodrigues Mourão, pedagoga do serviço de educação do Museu da Vida. A partir do próximo dia 27, o espaço da Fiocruz inicia uma parceria de dois meses com a Galeria La Salle, trazendo à Niterói a exposição itinerante “Nós do Mundo”, um convite ao olhar crítico dos visitantes e a uma pergunta: o que, para além da ação individual, posso fazer pelo meio ambiente?  

Trabalhar temáticas com este mote crítico é uma constante para o Museu da Vida. “Temos o papel de levar às pessoas questões que normalmente não são colocadas, levantando reflexões relevantes através de uma linguagem palatável”, explica Carmen, “Nosso intuito é sempre contribuir para a transformação da sociedade, não é mostrar sem contrapartida. A contrapartida é que as pessoas saiam da exposição com um questionamento, se sintam provocadas”.

No caso de “Nós do mundo”, a provocação é fazer os presentes se sentirem agentes enquanto coletivo. Para exemplificar, a pedagoga lembra da praia da infância, em ilha de pescadores, hoje outro cenário por conta do despejo de esgoto. “Não apenas mudanças de hábito são necessárias ao meio ambiente, embora também sejam importantes. Precisamos pensar em mecanismos advindos da associação de moradores, da comunidade, que pressionem o poder público para o saneamento básico, no caso desse exemplo”, associa.

Isso não quer dizer que as ações pontuais não estejam também em foco com “Nós do mundo”. O Museu da Vida apresentará a réplica de casa na forma de maquete, onde em cada cômodo o visitante pode conhecer o que mais consome eletricidade. Já com a bicicleta geradora de energia, o público poderá descobrir quanto é capaz de produzir a partir da conversão da energia ergométrica em elétrica. A interatividade prossegue na simulação de um mercado, na qual a máquina leitora de códigos de barras dirá quanto de recursos naturais é necessário para que determinado produto chegue à prateleira. “Somos um museu moderno, acreditamos na vivência da exposição. Essa é a nossa proposta com ‘Nós do Mundo’ e outras parcerias que ainda queremos fazer com a Galeria La Salle”, conclui a pedagoga.

 

Angelina Accetta, coordenadora da Galeria La Salle, comemora este primeiro encontro entre o caminho cultural do centro universitário e o Museu da Vida, especialmente por ser marcado pela abordagem da sustentabilidade: “Percebemos a sustentabilidade como tema gerador preponderante neste milênio, ou seja, entendemos ser importante não só para o planeta, mas como um projeto social global, capaz de reeducar nosso olhar e todos os nossos sentidos. A cultura da sustentabilidade vem se constituindo gradativamente, beneficiando-se de muitas reflexões que ocorreram nas últimas décadas, principalmente no interior do movimento pela ecologia e pela educação transformadora".

 

Por Luiza Gould

Fotos: Divulgação Ficocruz/ Luanda Lima

Ascom Unilasalle-RJ

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