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Peter Drucker (1909 – 2005) foi escritor, professor e uma daquelas pessoas consideradas “homens de visão”. Pai da Administração moderna, deixou como um de seus legados a lição de que “oportunidades de inovar não surgem de tempestades, mas sim do sussurro de uma brisa”. O sussurro pode vir de dentro, das opiniões ao redor ou do esforço coletivo, como mostraram três momentos distintos do segundo dia de Seminário Pedagógico. Desta vez o tema central foi a inovação, proposta pelo Irmão Cledes Antonio Casagrande, vice-reitor e pró-reitor de Pesquisa e Extensão do Unilasalle Canoas.   

A noite de quarta-feira começaria com a angústia para terminar com o sonho. O Setor de Ação Comunitária levou os presentes a refletirem sobre o sentimento de inquietude pelo qual todo ser humano já passou e que pode ser revertido em desejo de mudança. A espiritualidade contou com leitura dos Salmos 18:6 e do Evangelho de São João, deixando uma pergunta no ar: “O que neste momento mais o angustia?”. Ainda no âmbito da transformação, a professora Mary Rangel, decana do Unilasalle-RJ e assessora da pró-reitoria Acadêmica, subiu ao palco para mostrar os resultados gerados a partir da autoavaliação institucional, entre eles a melhoria da cantina. Mary classificou o trabalho da Comissão Própria de Avaliação (CPA) como uma “construção compartilhada que tem como fim o progresso do centro universitário”. O mesmo progresso foi apresentado no viés da pesquisa por Casagrande.   

 

 

Um retorno ao século XVII marcou as primeiras palavras do Irmão, que partiu da história dos mais de 300 anos da presença de La Salle para constatar semelhanças com a primeira escola criada pelo francês. O objetivo inicial, ensinar aos filhos de artesãos e famílias pobres um ofício, dialoga com parte do que se constituem hoje as universidades, cuja preparação dos alunos se dá também para o mercado. Mais forte ainda é a similaridade por trás da identidade lassalista. “Nós somos muito reconhecidos pelas nossas ações sociais, pelo impacto do nosso trabalho nas comunidades locais, pela qualidade dos nossos cursos, o que é muito bom, uma marca nossa”, resumiu o convidado, para em seguida fazer uma constatação:

“Entretanto, enquanto centro universitário nós precisamos dar um passo além, a pesquisa. Ainda produzimos pouco no mundo e no Brasil, não somos apontados por fazermos produção científica ou inovação”. Irmão Cledes Casagrande ressaltou que sua fala não se tratava de uma crítica à Rede, mas sim de uma leitura sincera da realidade, necessária para os próximos passos. Nesta caminhada, o vice-reitor de Canoas listou seis desafios a serem vencidos, explicando cada um deles.

1. EQUIPARAR ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

“É possível pensar que através da pesquisa nós podemos melhorar a forma de ensinar em sala de aula, podemos melhorar o caráter social.  E não precisa ser apenas pesquisa acadêmica, mas também de produtos. Com o novo Centro Tecnológico vocês podem propor soluções nesta área, por exemplo. O ‘equiparar’ que se coloca aqui significa qualificar o ensino e a extensão através deste terceiro elemento”.

2. OPERAR A PARTIR DA TRÍPLICE HÉLICE

“Esse princípio que está nos livros de gestão fala em projetos unindo universidades, empresas e governos. As ações devem caminhar ao lado de empresas que apresentem soluções e de governantes que nos incentivem”.

3. FORMAR E RETER PESQUISADORES

“Ninguém nasce pesquisador, precisamos nos somar, vislumbrar políticas de inserção docente na pesquisa, ao mesmo tempo tendo em vista que a pesquisa é uma forma de complementação de carga horária”.  

 

 

4. GERAR CONHECIMENTO ÚTIL, RELEVANTE E PERTINENTE

“Nós não temos espaço por nossa estrutura e por nossas condições de pesquisar o olho da mosca, ou a periodicidade das ondas do mar. Precisamos ter projetos de pesquisa que sejam aderentes à nossa missão institucional, que auxiliem a transformar as vidas das pessoas. Nesse sentido, estas pesquisas devem ter relevância social, transferindo conhecimento para a empresa, a escola, o museu, a comunidade, a Igreja”.

5. BUSCAR SUSTENTABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA

“Investir em pesquisa tem um alto custo. Não tenho uma receita para apresentar, precisamos encontrar saídas, que passam muito pela Tríplice Hélice”.  

6. TRABALHO EM REDE

“Vocês podem propor para outros professores da Rede possibilidades de trabalhos conjuntos. Tenho absoluta certeza que se um professor do Rio de Janeiro contatar um professor de Canoas, um outro da França e um terceiro dos Estados Unidos, esse projeto terá inúmeras vezes mais chances de ser aprovado do que se o professor daqui sozinho montasse a pesquisa”.

Depois das metas, o Irmão apresentou case do Unilasalle Canoas, instituição que desenvolve pesquisas desde 2010. Ainda não um modelo a ser seguido, por também estar em processo de aprendizado, como reiterou Casagrande, o centro universitário já traz bons exemplos a serem perseguidos. Atualmente são cinco programas: Mestrado em Avaliação de Impactos Ambientais, Mestrado em Saúde e Desenvolvimento Humano, Mestrado em Direito, Pós-graduação em Memória Social e Bens Culturais, e Pós-graduação em Educação. O último teve esta semana aluno formado. “O Irmão Jardelino Menegat é o primeiro Doutor lassalista do Brasil”, comemorou o palestrante.

Para Ronaldo Curi Gismondi, vice-reitor do Unilasalle-RJ e pró-reitor Acadêmico, conhecer o trabalho desenvolvido no Sul é bom para projetarmos uma futura pós-graduação stricto sensu: “Volta e meia somos perguntados sobre programas e queremos muito. Mas a nossa ideia é, como instituição que ainda completará 15 anos, consolidar mais a graduação, a extensão e a pós-graduação lato sensu antes desta próxima etapa”. 

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