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A poucos centímetros do solo, as rodas estavam prestes a ter novamente função, ao aterrissarem o avião protagonista de cena histórica. Em 12 de novembro de 1906, o 14 bis percorria 220 metros em 21,5 segundos, a maior distância até então alcançada nos ares. Para chegar àquele exato momento, no entanto, foi necessário muito trabalho, tentativas, erros, aprimoramentos não imaginados em 1891, quando o brasileiro Alberto escalou o Monte Branco, da França. A quase 5 mil metros de altura, o jovem Santos Dumont, então com 18 anos, talvez tenha sonhado ali, olhando o mundo tão pequeno abaixo de si, em voar. A preparação, palavra tão crucial para o aviador tirar os pés do chão, está por trás da importância do encontro que reuniu 94 pessoas no Unilasalle-RJ no dia 1º de setembro.

Trata-se de mais um Seminário de Formação, passo obrigatório para todo aquele que queira ser voluntário de projetos da Ação Comunitária. A explicação do objetivo do encontro foi a primeira lição passada pela coordenadora Livia Ribeiro naquela manhã.

“Nos deparamos com muitos voluntários que chegam dispostos a fazer alguma coisa pelas pessoas, pois estão infelizes, buscam formas de serem úteis. ‘Quem sabe por onde começar a fazer alguma coisa para mudar a realidade?’ A primeira coisa que precisamos entender é que temos que pensar globalmente e agir localmente. Eu acho bonitas as histórias do ‘faça a sua parte’, a gotinha de água para apagar o incêndio da floresta. Está pegando fogo na floresta e o beija-flor vai lá, enche o biquinho dele de água e joga no fogo. Mas, devo confessar: o beija-flor é pouco estratégico. Porque se ele fosse perturbar o elefante, bicá-lo até ele encher a tromba d’água e jogar só uma vez a água na floresta, ele seria mais útil. Isso significa envolver mais pessoas? É, por isso a razão de ser do Seminário de Formação. Não podemos mudar o mundo amanhã, mas podemos fazer várias pequenas coisas, juntos já somos quase 100 gotinhas”.  

 

No primeiro seminário, em 2017, eram 40 importantes gotas a menos do que o grupo reunido no Auditório La Salle em setembro. Para além do aumento de voluntários, o seminário desta vez contou com novas dinâmicas, como as lideradas por Marco Polo Ferreira e Elisa Quintanilha, integrantes do grupo de teatro Corpo e Ação, da Universidade Federal Fluminense. “Através de vivências como essas, percebemos questões sobre nós mesmos e sobre o outro, novos modos de olhar essa interação”, resumiu Elisa, a quem Livia fez coro: “Corpo, movimento e autoconhecimento. Sim, isso importa para o voluntariado. Não adianta sairmos para resolver vários problemas do lado de fora do mundo se não conseguimos nem olhar para nós com tranquilidade. Quem somos precisa ser trabalhado para sermos para o outro tudo o que o outro precisa”.

 

 

Antes mesmo de ouvir o recado de Livia, Adilaine, Afonso, Cayo, Ohana, Paulo Vitor, Rebeca, Vinicius e Vitória já o praticavam no Projeto Rondon Pantanal. O grupo de rondonistas participou do seminário para compartilhar experiências da missão no Mato Grosso do Sul, em julho. Os alunos lassalistas aplicaram oficinas durante duas semanas em assentamentos, aldeias indígenas e para a população da cidade de Niaoque, numa troca que proporcionou a eles mais aprendizado do que conhecimento transmitido. “Não vamos necessariamente para apenas ajudar o outro, fazer o bem, é importante pensar de que forma é importante também para nós, como crescimento pessoal, por exemplo”, lembrou Ohana Rosário, aluna de Engenharia Civil. Já Rebeca Vargas frisou a necessidade de saber se adaptar, para além da preparação. Em sua fala, a também aluna de Civil citou o dia de atividades voltado aos moradores da comunidade vizinha ao Unilasalle. Em abril, todos os inscritos no processo seletivo do Projeto Rondon participaram da subida lassalista ao Pé Pequeno, onde os professores Roberto Primo e Suenne Righetti puderam ver de perto o desempenho dos então candidatos a vagas na equipe.  “A ação do Pé Pequeno foi muito relevante para Suenne e Roberto nos organizarem na prática, porque na teoria tudo funciona, na prática é que vem os problemas e precisamos saber lidar com eles”, resumiu Rebeca, “É preciso saber improvisar. No Rondon, por exemplo, fizemos uma oficina de robótica, era um jogo. Fomos com o intuito de passar a eles a ideia de programação e depois fazer o robô andar. Só que lá, percebemos que era muito melhor deixar que eles brincassem para explicar durante aquela interação, evitando que eles se dispersassem. Temos que entender a realidade, ter a sensibilidade e poder explorá-la, como aconteceu também no Pé Pequeno”.

 

O Seminário contou ainda com a apresentação dos projetos da Ação Comunitária, passo fundamental para a divisão dos voluntários. Conheça abaixo:

DESABROCHAR – apresentado por Ana Flávia Estevam e Bárbara Pires (integrante da Ação Comunitária e voluntária)

“O projeto foi uma preocupação das Irmãs do Centro Social Vicenta Maria com as crianças que passavam muito tempo soltas nas ruas. As Irmãs passaram a abrigar na casa oficinas de inglês, reforço escolar, atividades de recreação e esportes. O projeto ajuda a despertar talentos delas” (Bárbara Pires)

 

 

PÉ PEQUENO – apresentado por Rômulo Almeida (integrante da Ação Comunitária)

“Descer do Pé Pequeno e entrar na universidade, para muitas pessoas, é conhecer um outro universo. E um dos nossos grandes desafios é diminuir essas diferenças, estreitar laços e combater preconceitos, tanto de lá quanto daqui. Esse é um projeto que começou em 2015, levando uma ação completa com todas as assistências que podemos oferecer”  

 

 

UTOPIA – apresentado por Antônio Lucena (integrante da Ação Comunitária)

“Esse é o primeiro intercâmbio que a Ação Comunitária vai ter. É um programa da Universidad de La Salle, da Colômbia. No país há as áreas afetadas pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Os Irmãos vão até essas áreas, trazem jovens para a universidade e os formam em agronomia”

  

 

PASTORAL DE RUA (parceiro) – apresentado por Lara Bernardo (integrante da Ação Comunitária)

“Eu trabalho na Pastoral de Rua desde 2014. Nela acompanhamos toda a população que está em situação de rua e é assistida pela Arquidiocese. Nós vamos ao encontro deles, nos tornamos amigos, conhecemos cada um pelo nome, suas histórias, assistência jurídica, social”.    

 

 

Vindo direto do aeroporto, o Irmão Jardelino Menegat, que estava em Brasília, chegou ao fim do encontro. Aos presentes, ele citou a importância do voluntariado para a instituição e classificou como sábio quem “aprende na vida”.

    

 

Por Luiza Gould (texto e fotos)

Ascom Unilasalle-RJ

 

 

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