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O homem vive em sociedade com direitos resguardados e deveres a cumprir. Como ser social, é indispensável se relacionar com aqueles que compõem seu grupo e também com o estrangeiro. Construindo o presente, o homem se remete à sua própria história, por ela guardar lições para o futuro, memórias. E passa adiante o que aprende com sua caminhada. A descrição engloba Direito, Relações Internacionais, História e Pedagogia, quatro cursos cuja abordagem central passa pela figura humana, portanto, cursos com assuntos afins. Foi com essa certeza em mente que os coordenadores das áreas criaram a Semana de Humanidades, realizada no Unilasalle-RJ durante os dias 18, 19 e 20 de setembro, de forma bem semelhante à proposta da Semana de Tecnologia e Inovação.

Na noite de abertura, o reitor, Irmão Jardelino Menegat, falou sobre o alcance dos processos científico-tecnológicos, a informática, o sentimento de posse inerente à globalização, para contrastá-lo com a percepção do outro, “para além apenas do ‘ser’”, um significado implícito em “humanidades”:  “Esta semana me remete a uma palavra muito semelhante a que lhe dá o nome, que é humanização. Talvez o que mais o mundo esteja precisando hoje seja que as pessoas se sintam mais humanas, mais fraternas, que deixem de agir apenas mecanicamente para valorizar o seu entorno”. A máxima é uma preocupação também lassalista e pautou diversos encontros, dentre eles a palestra “Racismo e ações afirmativas no Brasil”, uma realização de História em parceria com Pedagogia.

 

A palestrante Marta Abreu, professora doutora da Universidade Federal Fluminense, abordou o momento a partir do qual se delineia a discussão sobre o preconceito racial no país até as formas de combatê-lo, em mesa com mediação de Gloria Maria Anselmo (Fundação Municipal de Educação). O futuro historiador Fernando Talask, de 52 anos, está no 4º período e leva importante lição da Semana a partir do debate sobre o tema. “Uma frase da Marta me deixou muito comovido. Ela afirmou que a maior reparação para a população negra, diante dos anos de sofrimento a que foram submetidos, é uma história digna”, recorda o aluno, “Não existe interesse de muitos para que as pessoas saibam realmente o que foi este período do Brasil e como este povo foi valente. Não foi algo amistoso ou submisso, houve luta e dor, isso tudo é subtraído do livro didático”.

Na palestra, transmitida ao vivo pelo Facebook, Marta propõe, por exemplo, que se enfatize a trajetória do Haiti, na qual a população negra toma o poder no país, deixando para trás um estereótipo de povo submisso. Além disso, ela defendeu o uso do termo “sequestro” para definir a vinda dos africanos a bordo dos navios negreiros. 

Apesar de tratar do humano, alguns bate-papos também abordaram a tecnologia, caso de “Defesa e segurança nas Relações Internacionais: visões sobre o Brasil, a África do Sul e a Rússia”, do dia 20. Arthur Machado, atualmente no 8º período de RI, assistiu a todas as palestras do seu curso, mas também esteve do outro lado, sendo um dos convidados a falar sobre o assunto em pauta na mesa 9. Ele apresentou artigo no Congresso Acadêmico sobre Defesa Nacional (CADN) e, por conta do trabalho, estreou no papel de palestrante. “Eu e meu grupo tínhamos a hipótese de que a política de segurança do Brasil e da África do Sul eram parecidas, por serem países com algumas características geopolíticas similares – ambos do hemisfério Sul, mas ligados ao Norte, ambos em ascensão, ambos integrantes dos BRICS –, mas vimos que é o contrário. Enquanto nós investimos em cibersegurança desde 1990 a África do Sul até 2015 não tinha nenhuma política formada”, explicou o aluno de 21 anos.

 

Machado foi outro a aprovar a Semana de Humanidades, reconhecendo a importância do diálogo entre os cursos. Imbuído de visão internacionalista, ele dividiu espaço com palestrante cuja explicação sobre a Rússia mergulhou na história. Já na mesa que mais gostou como ouvinte, “Defesa cibernética, crimes e ética na era digital”, um nome do direito dialogava com outro de Relações Internacionais. “A interdisciplinaridade é muito rica para nós”, concluiu.

Oficinas e exposição sobre sustentabilidade

No mês em que a conscientização acerca da sustentabilidade é o foco, ela não poderia ficar de fora da programação. O destaque vai para a oficina de cultivo das plantas medicinais, ministrada por Rosa Santos (Rede Fitovida) e Mariana do Valle (Slow Food), e a inauguração de “Tessitura em jornal”, mostra em cartaz na Varanda Cultural até 6 de outubro.  O artista da vez é Everaldo Oliveira, ou seu Everaldo, de 72 anos. Em suas mãos, rolinhos finos de jornal ganham formas geométricas e, unidos, se transformam em móveis, objetos de decoração, bules, chaleiras, esculturas.

A arte chegou em sua vida para tirá-lo do “fundo do poço”, após a perda de uma filha em 1993, na época com 21 anos. O atropelamento responsável pela morte fez o pai entrar em uma síndrome do pânico até iniciar a terapia e ter o primeiro contato com papel, tinta, contornos. O jornal, por sua vez, foi apresentado ao funcionário público no Senac anos antes.

Embora sejam atrativas, o artista plástico já se adianta em afirmar que nenhuma peça está disponível para compra: “Eu não vendo por causa do meu histórico, se eu não as tiver mais comigo, elas se perdem e se perde o dinheiro e eu não consigo passar a mensagem de que a arte pode nos salvar”, diz ele. Resta apreciar suas criações. “Tessitura em jornal” está aberta gratuitamente à visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h, em frente à Galeria La Salle (Rua Gastão Gonçalves, 79, Santa Rosa). 

 

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