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Unilasalle-RJ recebe 36 universitários lassalistas de 10 países em um dos programas de intercâmbio da Rede

Por trás do sorriso da americana para a argentina, ou do olhar atento da mexicana para o filipino está o sentimento de união que os fazem parecer amigos de longa data, apesar de terem se conhecido há apenas um fim de semana. A identidade lassalista os une. A animação por estar em um país completamente novo também. Nesta segunda-feira, dia 16, o Unilasalle-RJ abre suas portas para o mundo e todas as diferenças que se tornam motivo para união aqui. São trinta e seis diferentes rostos. Trinta e seis diferentes histórias. Trinta e seis diferentes razões para se envolver. Trinta e seis diferentes maneiras de se impactar, absorver e ser transformado pelo La Salle Summer Program. Esse é o número de alunos que participam da primeira edição do programa realizada no Brasil.


Organizado em parceria com a Associação Internacional de Universidades Lassalistas (IALU), o Summer Program reúne estudantes de diversas nações, sempre no meio do ano, em uma instituição escolhida como sede. O objetivo, além da interação, é o desenvolvimento de projetos em conjunto para serem aplicados em suas universidades de origem no retorno para casa, além do incentivo ao espírito de liderança.

Nesta sétima edição, tendo como sede o Unilasalle-RJ, os discentes vêm da Argentina, Bolívia, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, Filipinas, México, Peru e do próprio Brasil. A eles se juntam professores que atuam como instrutores nas dinâmicas. Nesta matéria, atualizada regularmente, contaremos as aventuras dos lassalistas por aqui.

Boas-vindas

Às 9h30, o grupo de alunos encontrou um Centro de Convenções Irmão Amadeu com cadeiras dispostas em círculo. O primeiro contato foi com o reitor, Irmão Jardelino Menegat, responsável por recepcioná-los. “Muito nos alegra e nos orgulha que nosso centro universitário seja o responsável pela organização do VII Encontro de Líderes Lassalistas, das universidades La Salle dos cinco continentes”, afirmou na ocasião, “Nossa casa é um lugar onde se aprende a aceitar, respeitar, cuidar e desenvolver habilidades e competências das pessoas”.

O reitor ressaltou o fato da instituição não ter ainda chegado à maioridade, “que no Brasil é de 18 anos”, mas já marcar sua presença no Rio de Janeiro e no país, com foco em também fazê-la no mundo. “Todos nós sabemos que não é fácil fazer a diferença, mas é possível, especialmente quando oferecemos mestres competentes e funcionários técnico-administrativos que conhecem e se preocupam em dar as boas-vindas, o respeito e o cuidado aos alunos”.

Após a fala, o “ice break”. Para quebrar o gelo, propiciando a interação entre os alunos, Keane Palatino, representante do grupo Young Lasallians, distribuiu desenhos de relógios aos visitantes. A cada mudança fictícia de hora, estipulada por ele, o aluno precisava conversar com uma pessoa do grupo, de forma que ao fim da dinâmica tivesse tido contato com 12 pessoas diferentes. As perguntas feitas para motivar o diálogo foram desde “Do que vocês mais se orgulham em si próprios?” até uma bem inesperada: “Se você fosse tivesse o poder do presidente Trump, qual problema resolveria?”.

Para fechar as atividades da manhã, o assessor de Relações Institucionais do Unilasalle-RJ e diretor executivo da IALU, Carlos Frederico Coelho, reconstituiu a história do Summer Program, fez um resumo sobre o Brasil, além de apresentar o Rio de Janeiro e Niterói, dando instruções aos alunos. Coelho ressaltou, por exemplo, o caráter acolhedor dos brasileiros, o contexto de dificuldades políticas, econômicas e sociais do país, explicou a importância de “sermos capazes de nos comunicar multiculturalmente” e lembrou que a diversão, com visitas a pontos turísticos e momentos de descontração, precisa andar lado a lado com a responsabilidade. Afinal, “vocês foram selecionados para estarem aqui, há razões para estarem aqui, logo nós não devemos ter medo de dizer que suas universidades esperam o retorno do investimento que fizeram”, recordou.

Mãos à obra, então! Já na volta do almoço, o “trabalho duro” citado pelo diretor da IALU começou na Sala Conexão Makerspace. A proposta era desenvolver produtos a partir da percepção do que os alunos consideram mais interessante na vida e obra de São João Batista De La Salle. Na divisão de cada grupo, a assessora para mobilidade acadêmica Alice Gravelle privilegiou a constituição de equipes plurais, com integrantes de mais de uma nacionalidade.   

Criar, mas também ouvir. Pela primeira vez participando de um Summer Program, o Irmão Ernest J. Miller, da La Salle Philadelphia, Estados Unidos, motivou a reflexão a partir de três pontos para discussão: “Por que você está aqui?”, “Missão  do instituto”, “Diversidade cultural e geográfica das escolas, universidades e centros de educação lassalistas”. Em dos momentos de sua palestra, Miller apresentou modelo de ação baseado nos pilares ver, julgar e agir. “Contemplar é ver. Primeiro nós precisamos ver, entender o que é a situação. O próximo passo é julgar ou lidar com a situação, criticá-la e, finalmente, mudar para agir. Isso é cíclico”, afirmou.

 

Confira fotos do dia 16 de julho

O que nos une: ser La Salle

Ressaltar a identidade lassalista tem sido um mote importante das conversas. Nesta terça-feira, dia 17, o tema motivou tanto a reflexão pela manhã, em videoconferência com o docente James Burke, de Roma, quanto a apresentação de trabalhos no Centro de Convenções, e uma animada competição à tarde. Na Sala Conexão Mundo, o momento espiritual comandado por Jim, como é conhecido, terminou com apertos de mão e cada estudante desejando para quem estivesse ao seu lado uma boa estadia no Unilasalle-RJ. A calmaria que tomou conta da sala deu lugar a muitas risadas no 8º andar. Lá, a missão foi mostrar aos colegas de viagem os resultados do que criaram no dia anterior. Os lassalistas foram estimulados a desenvolver alguma performance ou criar algum produto sobre La Salle.


O grupo formado por Olvia Pfeiffer (Universidad La Salle México), Reilly Rebhahn (Manhattan College), Jashia Chua (La Salle University Manila), Nícolas dos Santos (Unilasalle-RJ) Antonie Brasset (Unilasalle Campus de Rouen) e Jonathan Bringas (La Salle Cancún) foi o primeiro a encarar a missão. A proposta deles foi contar a história do fundador da rede a partir de um teatro, com direito a plateia reproduzindo as ações que Jashia apresentava no tablet, como “claps” (palmas).


Coube a Diana Loera, diretora associada da IALU, explicar o motivo de relembrar o fundador: “Ele não está mais aqui. Mas o que ele nos deixou não é ultrapassado. A maioria das coisas que lemos do que La Salle escreveu podemos encontrá-las perfeitamente nos dias de hoje. Naquele tempo, ele escreveu cartas para seus Irmãos e esperou por respostas. Vocês conseguem imaginar? Se vocês decidissem hoje: ‘Ok, eu vou administrar escolas agora, esse será o meu negócio’. Te colocam em várias escolas, universidades, em todo lugar. Não é fácil. Mas você tem que entender que não está sozinho, e hoje precisamos falar sobre unidade e as histórias que podem acontecer, que podemos compartilhar. Esse é um convite para você voltar para a casa e encontrar o seu lugar na comunidade lassalista. Você não está sozinho, você está aqui, nós somos uma grande comunidade. Eu tenho certeza que ao fim destas semanas você entenderão completamente o que é isso”.


Às 14h, a coordenadora da Ação Comunitária, Livia Ribeiro, veio vestida de mulher maravilha para participar de uma gincana para lá de inusitada. A fantasia dela não era à toa. Afinal, a proposta de Alice Gravelle e Diana Loera era pensar no centro universitário de forma nova. Neste faz de conta, professores e funcionários técnico-administrativos eram heróis disfarçados de profissionais, salvando vidas no cotidiano. Os seis grupos se dividiram entre Centro Tecnológico, Sala dos Professores, Biblioteca, pátio, Galeria e Capela. Em cada local, uma tarefa era passada, como a construção de uma escultura humana na Galeria. Os grupos foram acumulando valores lassalistas ao completarem cada etapa, depois reunidos para compor os grandes legados de La Salle: fé, compromisso, serviço, comunidade, inovação e missão.


Confira fotos do dia 17 de julho

Quem nós somos?

Podemos ser o que a imaginação nos permitir a partir da leitura. Podemos ser líderes cujo olhar humano é o mote para inspirar a equipe. Podemos ser mãos que acolhem e se colocam a serviço. Esses foram alguns dos recados passados adiante e construídos em conjunto com os lassalistas do Summer Program na quarta-feira, dia 18.

O Welcome Packet, espécie de guia com todas as informações necessárias aos estudantes, recebido assim que chegaram, antecipava o nome da palestra: “Sharing the same boat: literary lessons in cross-cultural acceptance & collaboration” (Compartilhando o mesmo barco: lições literárias em aceitação e colaboração transcultural). Título imponente, palestrante reconhecida por saber brincar com as palavras. A americana Jackie White, além de professora da Lewis University (Estados Unidos) é PhD em Escrita Criativa (Poesia), e falou aos meninos sobre a importância da literatura para o crescimento pessoal.


Entre as contribuições que o virar de cada página pode fornecer, Jackie lembrou a ampliação do vocabulário, “do seu senso de estilo”, já que “literatura é escrita de forma bela e porque é bela é memorável, a música da linguagem. Alguns estudantes acham complexas as sentenças, as expressões, as ideias. Saiba que você nunca escreverá ou falará melhor se não ler. O que você lê é seu professor”. E fez poesia ao reformular a clássica constatação de que ler é viajar:

“Mas você também gostará da literatura porque ela é barata, é a melhor maneira de viajar, custa tão pouco e não te exige dez horas de avião, em um carro ou no trem. Você viaja no livro e nele você pode ser qualquer um, você pode ser todo mundo. Se você emerge no livro você se torna o personagem, todos os personagens, e a maior parte dos personagens passa por conflitos, o que te fará perceber que você também passa. Os personagens representam diferentes partes de você”.

À tarde, foi a vez de Keane Palatino, membro do grupo Young Lasallians, trabalhar o tema do dia: “Quem somos nós?”. O instrutor estimulou os alunos a falarem sobre histórias de liderança. Pablo Mapes Maldonado, da Universidade La Salle México, foi um dos primeiros a dar sua contribuição. “Nos traz o espírito de competitividade, mas ao mesmo tempo de colaboração e fraternidade. Na minha experiência, organizamos competições acadêmicas entre as melhores universidades da Cidade do México”, contou. Já Klyde Riggynald Gamboa (De La Salle-College of Saint Benilde), da Filadélfia, opinou se tratar de comprometimento. “É o que observo em serviços de verão que participo todo ano. Liderança está relacionada a como você coloca sua ação a serviço de alguém”. O depoimento foi o gancho para Palatino abordar São João Batista De La Salle.

Na atividade proposta pelo instrutor, cada aluno precisou tentar acertar bolinhas de papel em uma lixeira. Aos que estavam mais longe, no entanto, era mais difícil, o que fez Platino dá-los a chance de começar primeiro, um empurrãozinho para representar a ação de La Salle. “A sociedade é como esta sala de aula. Os que estão na frente são mais privilegiados. Sempre haverá pessoas que nascem privilegiadas (essas da frente). Os que não são privilegiados enfrentam desafios para alcançar seus objetivos, ao menos que contem com sorte ou as regras do jogo mudem. Há pessoas como La Salle que mudam as regras a partir da educação”, comparou.


Confira fotos do dia 18 de julho

Ética e responsabilidade social

O sol se despediu dos lassalistas na Fortaleza de Santa Cruz, no primeiro passeio do grupo a pontos turísticos de Niterói. E brilhou novamente no quarto dia de Summer Program para os estudantes retornarem ao Unilasalle-RJ, rumo a um dia de palestras sobre ética e responsabilidade social. No Auditório La Salle, o instrutor Juan Carlos Rivera (Universidad de La Salle, Bogotá), da Colômbia, escolheu trabalhar com vídeos intercalados a momentos de reflexão para a roda de conversa pela manhã.

“Para alguns, ser um excelente advogado pode ser conquistar todos os casos. Por eu ser um excelente advogado, eu posso conseguir deixar solto alguém que fez algo muito ruim, mas que tem dinheiro para pagar o melhor advogado”, exemplificou para, então, deixar o seu recado: “Vocês estão estudando para serem excelentes profissionais. Mas, o que eu quero dizer, é que não precisamos de excelentes profissionais, precisamos de excelentes pessoas que saibam ser profissionais”.

Já na tarde desta quinta-feira, dia 19, o Irmão Ernest Miller voltou a comandar um encontro, abordando desta vez os desafios globais e a missão da educação lassalista. 

Confira fotos do dia 19 de julho

Balanço

"Eles são tão amigos”, diz o funcionário de Serviços Gerais ao observar a descontração dos lassalistas após a feijoada servida no pátio. Logo em seguida, se surpreende ao saber que os estudantes se conhecem há poucos dias. Essa tem sido uma constante do Summer Program 2018: os laços de união criados já no primeiro dia só fazem aumentar, a ponto de a reflexão deste dia 20, terminar com quase dez minutos de abraços. No momento de espiritualidade que antecedeu as demonstrações de afeto, cada um pôde compartilhar motivos para ser grato a Deus. “Grateful to be here” (grato por estar aqui) figurou entre as frases mais ditas no Auditório La Salle.

Fosse no abraço ou na alegria após a gravação do vídeo “Live Jesus in our hearts”, não faltou sentimento na sexta-feira, encerrando as atividades da primeira semana. O quinto dia contou ainda com visitas ao Museu de Arte Contemporânea e ao Pão de Açúcar, além de um balanço a partir dos caminhos percorridos até agora. A instrutora Norie Dionisio (De La Salle-College of Saint Benilde), das Filipinas, comandou a tarefa centrada no tema “liderança lassalista pela defesa e transformação social”. Os visitantes tiveram que pontuar problemas a serem solucionados, inclusive na própria Rede La Salle. A partir dos desafios elencados, eles foram separados por grupos, para pensar em “higthlights”, os principais aspectos do assunto proposto, e “steps”, os passos para superá-lo, sempre três, como explicou Norie: “Três porque quando você dá um passo ou dois passos não se move, só quando dá o terceiro de fato está se movendo, essa era a ideia que eu queria passar”.


Dentre os problemas sociais levantados estavam o conformismo, a pobreza, a falta de fraternidade, a ecologia, os direitos humanos, a apatia e a representação feminina. Esse último tópico, assim como reforçar a identidade, envolvia em sua discussão a comunidade lassalista. “Há mais mulheres tomando posição no mundo lassalista, mas não vejo tanto um movimento igual no topo”, observou a norte-americana August Kissel. Diana Loera, diretora da IALU, partilhou, então, sua experiência pessoal, constatando um aumento da presença feminina em congressos e encontros como o Summer Program. Há seis anos participando do projeto, Diana contou como começou sendo a única mulher, enquanto em 2018 duas entre cinco instrutores são mulheres, além dela e Alice Gravelle, na organização. “Percebo que há mais e mais consciência em torno da representação, os próprios Irmãos têm estado mais atentos a isso. Vamos chegar lá, eu acredito”, concluiu.


Confira fotos do dia 20 de julho

Por Luiza Gould

Fotos de Cauã Vieira, Lauana Bettini e Luiza Gould

Ascom Unilasalle-RJ

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