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Antes o cenário era estável, previsível, controlável, e tudo acontecia ao seu tempo. A fase era a das instituições. Veio o avanço da tecnologia na velocidade da luz e criou-se uma nova fase, onde tudo é instável, dinâmico, rápido, imprevisível, transparente, complexo e liderado por um novo personagem: o indivíduo conectado, que não precisa mais se submeter a nenhum controle. O gráfico desta sociedade vai de uma linha reta às ondas sem fim, numa espécie de cardiograma descrito em detalhes pelo empresário Ricardo Guimarães. Vídeo no qual o fundador da consultoria Thymus Branding aborda todas estas mudanças levou a plateia a refletir sobre currículo. Qual a relação entre um assunto e outro? Coube ao palestrante Marcelo Vieira Corrêa a resposta na quinta-feira, dia 18.

O pró-reitor Acadêmico do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (UNILESTE), uma das instituições irmãs do Unilasalle-RJ, escolheu abordar em sua palestra a necessidade de adaptação dos projetos de curso a um tempo no qual a interdependência passa a ser palavra de ordem. “O Ricardo fala em sermos ‘sistemas vivos’, mas será que os nossos projetos trabalham como um sistema?”, questionou Corrêa dando início à última noite do Seminário Pedagógico 2016.2.      

 

 

Ao todo foram três encontros destinados a professores e funcionários técnico-administrativos antes do início das aulas. Para Ronaldo Curi Gismondi, vice-reitor e pró-reitor Acadêmico do Unilasalle-RJ, momentos como os vividos ao longo da semana são “oportunos para crescermos em qualidade”, conforme afirmou antes de passar o bastão para o convidado. Marcelo Corrêa apresentou, durante sua fala, o caso da UNILESTE, cujas novas turmas já cursam um currículo atualizado, com foco na prática do aluno.

O centro universitário se baseou na teoria do Alinhamento Construtivo para realizar as alterações. “O construtivo refere-se ao que o discente faz. Estamos apostando que para ele aprender, tem que fazer. E o alinhamento refere-se ao professor, à criação de um ambiente que suporte estas atividades”, explicou Corrêa pontuando a necessidade da construção de uma cultura da aprendizagem partindo do ato de se conhecer as habilidades dos estudantes.

Neste contexto, o primeiro passo está em traçar perfis: “Precisamos ter a coragem para dizer qual profissional estamos formando, identificar nele as competências e traduzi-las para o currículo na forma de conteúdo e estrutura. Também precisam ser definidas as abordagens de ensino e os métodos de avaliação”. O palestrante exemplificou esta ação com uma passagem da biografia de Steve Jobs, no qual é relatada uma reunião entre o cofundador da Apple, o idealizador do Facebook, Mark Zuckerberg, e o presidente Barack Obama. Na ocasião, Jobs lançou um desafio a Obama. Se ele formasse 30 mil engenheiros nos Estados Unidos, o magnata traria fábricas da China para o país. “’Mas eu quero engenheiro chão de fábrica’, deixou claro. É esta atitude, entender que nem todo o engenheiro é igual e que o que está no chão da fábrica não é pior do que o que trabalha na Apple criando que devemos ter”, resumiu Corrêa.

Na UNILESTE, fazer os coordenadores naturalizarem este processo não foi tarefa de um dia para o outro. Após a aprovação das diretrizes curriculares muitos entregaram para o professor uma lista pronta de disciplinas, que foram recusadas. A proposta seria pensar o currículo por etapas, se colocando questões como: “No último período o que o aluno saberá fazer?”, para então caminhar até chegada a hora de focar nas ementas. Em conjunto foi pensado um projeto de formação comum para os cursos e atividades integradoras de cada período.    

A escolha por deixar as disciplinas, exceto as semi-presenciais, com 80 horas levou em conta o desejo de aplicar em sala as metodologias ativas. O método de aprendizagem, no qual o estudante é protagonista, reunindo conhecimentos de diversas áreas estudadas para solucionar um problema, já foi tema de videoconferência entre a UNILESTE e o Unilasalle-RJ no primeiro semestre do ano. Na época, a instituição do Rio recebeu também representante do Instituto Tecnológico e das Ciências Sociais Aplicadas e da Saúde do Centro Educ. N. Srª Auxiliadora (ISECENSA). As metodologias ativas motivaram perguntas ao término da palestra, como o limite de alunos em sala de aula.  

O Seminário se encerra com discussões que seguem ao longo do semestre, como a colocada por Marcelo Vieira Corrêa na quinta-feira: “Na Encíclica Laudato Si, o Papa Francisco tem uma frase que admiro muito: ‘Eu acredito que nós evoluímos na ética, só não evoluímos na mesma velocidade que na tecnologia’. Eu também acredito que evoluímos na educação, só não na velocidade devida, ainda há muito a se fazer”. 

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