Menu

Entre um giro e outro na dança a dois, o lápis em seu bailar pelo papel, criando voltas das quais surgiram uma, duas, várias figuras, e o ritmo do mercado, apresentado em aulas repletas de conteúdo, uma semelhança: os Cursos de Férias 2017.1. Ao todo, foram 47 chances do público interno e externo se inscrever em oficinas introdutórias a um baixo custo. Do dia 23 ao 28 de janeiro, o Unilasalle-RJ abriu suas portas recebendo desde crianças e adolescentes até universitários e graduados, uma diversidade que foi ao encontro das aulas e dos professores.

Selecionados a dedo pelas suas práticas, os mestres viveram estreias, caso de Suzana Resende. A pedagoga que atua na Rede Municipal do Rio,  e é ex-integrante da Coordenação de Educação Infantil em Itaboraí, comandou a sala de aula de um centro universitário pela primeira vez. Na segunda-feira, ela ficou responsável por ministrar “Psicomotricidade, jogos e brincadeiras na Educação Infantil”. Ao invés de trabalhar a ligação entre atividades psíquicas e motoras com suas crianças, a especialista desenvolveu a consciência corporal de seus futuros colegas de trabalho: “Essa prática de vivenciar o corpo com os professores é muito interessante porque vamos percebendo que as coisas não acontecem em sala, às vezes, porque nós não conhecemos o nosso corpo”.

Isabela Franco é um bom exemplo do que Suzana afirma. Formada em Educação Física, ela foi uma das participantes a sair do curso com um gostinho de quero mais. “Dou aula jogando e, mesmo assim, na hora de usar o corpo eu descobri que não utilizo como deveria”, constata Isabela, de 55 anos, “O fato de você ter aprendido, falado sobre isso na faculdade não quer dizer que não tivemos inovações nesta área. Acho que foi uma surpresa para todos. Gostei muito de a professora ser uma pessoa que realmente trabalha com Psicomotricidade, porque já tínhamos teoria, precisávamos realmente desta prática”.

 

No curso, a turma pôde ter contato com objetos empregados no dia a dia com as crianças, como cones e bambolês, além de realizar dinâmicas de autodescobrimento. Ao término da aula, uma grande roda reuniu todos os alunos. Ao som de uma música agitada, um de cada vez deveria relaxar o corpo e criar um movimento no centro, para que os demais copiassem. Um tipo de contato que só quem pesquisa a Psicomotricidade não iria ter.

“Estamos com um quadro de atividades que relacionam a necessidade de dar mais atenção ao corpo e aos movimentos com a emoção, o aprendizado. Hoje a internet nos possibilita ter acesso a tudo, mas essa troca de conhecimento só é possível quando você afeta o outro de alguma forma, o que aconteceu hoje”, conclui Márcia Souza, 55 anos, aluna de Pedagogia do Unilasalle-RJ.

Leonardo Nunes, de 42 anos, também é lassalista. Cursando Administração, ele se inscreveu para participar de “Introdução ao Gerenciamento de Projetos”. “Tenho uma disciplina na minha grade sobre este tema, quis já ter um primeiro contato”, explica, “Além de serem conteúdos novos, me ajudará no decorrer da minha graduação. Achei que o professor passa a informação de forma clara, dando muitos exemplos”. O docente a quem Nunes se refere é Roberto Paranhos, diretor de operações no PMI Rio. Em determinado trecho da aula, Hage levou para a vivência do meio um problema comum a quem lida com negócios: “Fatores externos ao seu projeto, como a variação cambial, são determinantes na efetivação dele. Em caso de projetos nos quais você se relaciona com outros países, quando os contratos são externos, vale a pena abrir uma conta nos Estados Unidos, por exemplo, onde está o seu cliente, e receber por lá, mitigando os riscos”.

Dança e desenho     

Se o mercado dá dor de cabeça, no entanto, que tal dar um pulo rápido na aula de dança? Renata Vidal garante que é uma boa pedida. Há sete anos ela apresenta, ao lado do parceiro Henrique Passos, a dança de salão em universidades, workshops, congressos e palestras, sempre em sintonia. “A ideia é trazer a dança de salão para a faculdade e não só para atender o público de fora, como também estudantes, funcionários. É uma forma de terapia, de desestressar, desligar um pouco”, argumenta. No Unilasalle-RJ a dupla ministrou os cursos de zouk, samba de gafieira e forró, “uma diversidade, mas sem a pressão de acertar. Gosto de deixar o passo em aberto para cada usar a sua criatividade”.

 

Elaine Martins, de 26 anos, era só gingado no dia 24. Recepcionista e manicure, ela soube dos Cursos de Férias em um grupo de WhatsApp e não perdeu tempo para se aprimorar: “Dança é minha vida, faço há um ano samba, bolero e zouk. Além de ser uma atividade física é também mental. Hoje começamos pelos passos básicos e já fui apresentada também a outros que não conhecia”. O ritmo quente não foi o mesmo, no entanto, do escolhido por André Brown. O ilustrador, com doutorado em quadrinhos pela UERJ, até optou por música para fazer seus alunos mergulharem na criação, mas foi num tom mais leve.

A proposta de Browm em “Quadrinhos: roteiro e desenho” era deixar os “artistas” o mais à vontade possível, fazendo a imaginação fluir. “Conseguimos perceber que os alunos já trazem suas próprias narrativas, têm ideias para personagens, aventuras. Para mim enquanto professor é muito enriquecedor ter o contato com esses jovens e desdobrá-lo em produções. Sairei daqui pensando muitas coisas, inspirado. Sozinho você não consegue enriquecer o seu próprio trabalho, o trabalho artístico é social”, sustenta. 

 

Tanto é assim, que os professores da área de “Arte e Criação” decidiram unir em determinado momento todas as turmas (“Desenho de Mangá” e “Criação de Personagens” fecham o círculo), criando interação pelo traço. Uma boa oportunidade de troca para quem saiu de casa querendo aprimorar seu hobby, como Ângelo Vieira. Interessado em HQs por conta do cinema, o estudante de 18 anos chegou a fazer curso de desenho, mas não conseguiu dar prosseguimento por conta da escola. “Apesar de o meu conhecimento ser superficial, gosto muito de Liga da Justiça e tenho descoberto agora alguns trabalhos na internet, um desenho mais estilo cartoon”, conta.     

Diferentes saberes prévios, diferentes histórias reunidas em um mesmo local. Os Cursos de Férias conseguiram esta mescla, mas também deixam um legado, como antevê André Brown: “Estar aqui no Unilasalle-RJ, com a infraestrutura que o centro universitário oferece, nos dá um resultado muito expressivo, acredito que é um caminho para criarmos uma cultura dos quadrinhos, gerando eventos e atividades para movimentar o espaço acadêmico”.

Entre em Contato