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A semana termina em tom de despedida na Universidade La Salle. Encerrou nesta sexta-feira (14) o V Colóquio Internacional da RIGPAC (Rede Internacional de Pensamiento Crítico sobre Globalización y Patrimonio Construido), sob o tema Identidade territorial, Globalização e Patrimônio. Ao mesmo tempo em que já deixa saudades, o evento também deixa novas projeções para as temáticas trabalhadas, pautadas na Reunião da Rede e Relatoria do Evento, que fechou a programação no final da tarde.

O grande legado que essa edição deixa aos estudantes, professores, pesquisadores e profissionais das diferentes áreas que se debruçam sobre as questões de patrimônio e memória social no seu dia a dia, foi construído transversalmente durante toda a programação.

Ao longo dos dias, aconteceram comunicações orais de trabalhos, com ouvintes e pesquisadores nacionais e internacionais. Foram mais de 25 apresentações ao todo.

Também aconteceram três conferências e duas palestras que abordaram identidade territorial, globalização e patrimônio nos contextos atuais dos diferentes países que compõem a Rede.

Identidade territorial, Globalização e Patrimônio

A primeira conferência foi ministrada pelo Prof. Dr. Leonardo Barci Castriota, subcoordenador do Mestrado Interdisciplinar em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável (MACPS) na UFMG. Ele abordou a “Conservação baseada em valores frente a um sítio de memória: o caso de Bento Rodrigues”, partilhou as principais considerações sobre o trabalho de conservação de patrimônio realizado em Mariana, após o rompimento da represa da empresa Samarco Mineração SA, em 2015.

“As pessoas visitam Bento Rodrigues, os antigos moradores fazem questão de preservar as marcas da lama, para servirem como lembrança e lição para as novas gerações. É uma conservação baseada em valores e significância cultural. Ao apagar a memória, também se apaga a possibilidade de construir um futuro mais pacífico e atento aos erros cometidos no passado”, explicou Leonardo.

Em sintonia, a segunda conferência, realizada na quinta-feira (13), foi ministrada por Pablo Cicollela e Iliana Mignaqui, ambos da UBA, da Argentina. O título “La identidade territorial em debate: estado y mercado em convergencia de interesses em el uso del patrimonio y la memoria productiva” norteou a fala dos dois professores, que integram o comitê científico da RIGPAC.

Com letra de tangos famosos na Argentina, o professor Pablo Cicollela promoveu a reflexão sobre a nostalgia impressa na identidade territorial urbana, sobrevivendo (ou vencendo) as metamorfoses do processo de modernização. “Enquanto o patrimônio guarda uma memória do passado, o processo de patrimônio é movido pelo valor que guarda para o presente e representará no futuro”, declarou.  Já a professora Iliana Mignaqui, provocou: “qual é o lugar do patrimônio nas políticas públicas, enquanto memória social, política e científica? Qual é o seu valor para o mercado?”.

A terceira e última conferência foi ministrada pelo Dr. Bernardino Lindez, que falou sobre o Dossie La Alhambra da Revista Mouseion e Workshop Turquia 2019. Na pauta de Bernardino Lindez, um detalhado apanhado das características que tornaram um patrimônio tão singular. Apresentou Alhambra como referência do uso de luz, arquitetura e composição de luz, sombra, água e cor: “Não tenho receio em afirmar que essa é a obra renascentista mais importante fora da Itália. Uma genialidade que ainda não dominamos, mas preservamos para continuar desafiando gerações”, afirmou.

Muitos desafios pela frente

“Quando valorizamos o legado, valorizamos a edificação das cidades. De nada adianta termos grandes ideias e projetos exponenciais se eles não estiverem alinhados com a identidade local e a legislação”, ponderou Nelson Inda, Presidente Comisión del Patrimonio Cultural de la Nación, do Uruguai. Essa fala aconteceu durante a primeira palestra do RIGPAC (13), baseada na experiência de preservação da arquitetura que Montevidéu passou no final dos anos 90.
Já a última palestra da rodada, na manhã de sexta-feira (14), foi direto ao ponto ao debater as “tensiones y dilemas de la identidade y el patrimonio en tiempos de globalización”. Dr. Luis Fernando González, Coordenador RIGPAC para América Latina, apresentou exemplos da identidade e patrimônio como construções sócio históricas e as relações com o mercado. González ressaltou o potencial e uso do patrimônio cultural na economia, citando festas tradicionais da Colômbia originadas de antigos hábitos da lida campesina, que hoje tomaram proporções que as tonaram fundamentais para o fomento do turismo e desenvolvimento locais.

“De um lado, agentes que buscam e desenvolvem novas formas de comércio. De outro, os protagonistas da indústria cultural, o camponês. Ele é quem entende o valor de uso e histórico daquele momento”, explicou. No final, provocou: “Até onde se pode ir? Como um elemento étnico cultural passa a ser patrimônio e rentável sem ultrapassar os limites da apropriação? Como não tornar a produção exploradora e desigual? São questões sobre as quais ainda precisamos nos debruçar “, completou.

Confira os melhores momentos do evento no álbum da Universidade no Flickr!

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