Menu

Antigamente, não há muito tempo, a Casa do Rosa provocava calafrios em quem passava por perto. Abandonada pelos herdeiros dos últimos proprietários, transformou-se em um lugar frio, vazio e malcuidado, mas, rico em histórias. Pensando nisso, a propriedade de 456m2 foi tombada como patrimônio cultural de Canoas em 2009. Porém, essa história não termina por aqui. Hoje, penúltimo dia da Semana do Patrimônio, conheça os mistérios e o que aconteceu com esse enigmático lugar.

Um trabalho de pesquisa realizado pelo historiador Israel Boff, egresso do curso de História da Universidade La Salle, lança luz sobre a trajetória da edificação, localizada na Avenida Victor Barreto. De acordo com a pesquisa, em 1875, ao falecer, o engenheiro John MacGinity deixou em testamento três lotes de terra. Um deles originou o que hoje conhecemos por Parque dos Rosa.

Bento Porto da Fontoura foi o segundo proprietário desse lote, vendendo-o em 27 de junho de 1894 ao comerciante Antônio Lourenço Rosa, por 16 contos de réis. Antônio comerciava madeiras e outros materiais, além de possuir um negócio de frota de barcos, que percorriam os rios Taquari e Caí, transportando diversos produtos. Antonio adquiriu mais de 500 hectares de terras do então povoado. Na época, havia no local um chalé de madeira com fundações em alvenaria, que serviu de base para a construção de uma residência que passou para a história de Canoas como a “Casa dos Rosa”. Provavelmente, segundo o historiador Israel Boff, esta tenha sido construída após o ano de 1900. Rosa não economizou na construção de sua casa: o ladrilho da cozinha, por exemplo, foi encomendado ao ornamentador João Vicente Friedrichs que viveu na Europa entre 1895 e 1899.

Memórias restauradas

O proprietário da casa faleceu em 1910, deixando seus bens para os sucessores. “O projeto ‘Canoas – Para lembrar quem somos’ contém entrevistas feitas com antigos moradores da região, em 2003. Eva Palma da Silva relata que pelos anos 1940 costumava fazer passeios com a filha e uma amiga, parando em frente à chácara. Ali, ficavam apreciando os jardins da residência, as flores e os caramanchões de glicínias. O Chalé Verde, como a edificação era conhecida, de acordo com o Dr. Hélio Rosa Filho, possuía um grande pomar com parreirais, pereiras, macieiras e outras frutíferas. Também, seu proprietário, Antônio Lourenço Rosa dispunha de carruagens para transporte de pessoas”, conta a Profª Dra. Cleusa Graebin, do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Memória Social e Bens Culturais.

A partir daquele momento, a propriedade passou a resistir ao desgaste, à falta de manutenção e a um incêndio ocorrido em 10 de setembro de 2012, quando já tinha sido tombada. Foi quando a realidade do espaço começou a mudar de fato. Um projeto financiado pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina, em agosto de 2015, propiciou obras de restauração, finalizadas em 2016, quando Canoas recebeu mais um equipamento cultural, o Parque Casa dos Rosa. Atualmente, abriga o Museu Histórico Municipal Hugo Simões Lagranha e salas para exposição de artes plásticas. Ainda, o Parque que rodeia a construção, junto com parte do espaço da Universidade La Salle, compõe um dos últimos resquícios dos capões que cobriam o Município. 

Entre em Contato